Coopershoes: Entenda os prós e contras do fechamento da empresa em Veranópolis

Uma das maiores produtoras de calçados da América Latina encerrou as suas atividades em Veranópolis na última terça-feira, dia 23. O fechamento das portas já vinha se desenhando nos últimos anos quando, aos poucos, a empresa foi diminuindo o número de funcionários. O Poder Público e segmentos da comunidade trabalhavam para que a empresa permanecesse gerando empregos e renda no município.
Nas últimas semanas, setores foram aos poucos sendo fechados, porém, a gerência negava a possibilidade de encerramento das atividades. O comunicado oficial foi dado na tarde da última segunda, dia 22. 
Para se manter na cidade a empresa recebia apoio financeiro do município, com pagamento de R$ 25 mil do aluguel; mais R$ 10 mil eram abatidos pela Oleoplan (dona da estrutura física). Outros R$ 10 mil eram pagos pela própria empresa, totalizando assim R$ 45 mil ao mês de aluguel, do amplo imóvel localizado nas margens da BR 470, entre os bairros São Pelegrino e Valverde.
A Coopershoes chegou a Veranópolis no ano de 2008, na primeira gestão do atual prefeito Waldemar De Carli. O objetivo era gerar empregos após o fechamento da empresa São Paulo Alpargatas. Com o passar do tempo, o interesse pela Terra da Longevidade foi diminuindo e a empresa passou a mais demitir do que contratar. Além de Veranópolis, a Coopershoes tem sua sede em Picada Café e filiais em Garibaldi, no Ceará e na Argentina.
A empresa produz calçados vulcanizados e cementados para marcas de sucesso em todo o Brasil. 

O que diz a empresa                        
Por meio de nota oficial a empresa Coopershoes comunicou sua decisão:
“Estimados colaboradores e comunidade de Veranópolis.
Por meio desta carta informamos a todos os colaboradores e à comunidade de Veranópolis a difícil decisão de encerrar as atividades produtivas da nossa filial localizada nesta cidade.
Infelizmente, esta decisão tornou-se necessária em virtude da forte crise política e econômica que atinge a Venezuela e se espalhou pela grande maioria dos países da América do Sul, especialmente a Colômbia, Bolívia e a Argentina, onde estão sediados importantes clientes da nossa empresa, gerando uma queda drástica de pedidos de compras para esta unidade produtiva em Veranópolis.
E, assim como foi em 2008, quando iniciamos as nossas atividades com muita transparência, seriedade, de forma correta e honesta, agora, seguindo estes mesmos princípios, queremos conduzir o encerramento das nossas atividades nesta cidade. 
Agradecemos a toda comunidade, parceiros e à administração municipal, mas, especialmente, a todos os colaboradores e ex-colaboradores que fazem e fizeram parte desta história por todo o esforço e dedicação a nossa empresa, e asseguramos a todos o cumprimento integral das suas verbas rescisórias previstas na legislação trabalhista brasileira.
Mais uma vez agradecemos o apoio e a dedicação de todos.”

O que diz o poder público 
Segundo o prefeito Waldemar De Carli, a Prefeitura sempre manteve uma parceria com a empresa de modo que, desde sua instalação, em 2008, paga o aluguel; ele alega que todos os esforços foram feitos para que a empresa permanecesse no município. “Lamentamos, pois estamos falando de empregos, impostos e outras implicações indiretas que poderá trazer, mas é momento de absorver esse impacto. Já temos a oferta de várias empresas para esses funcionários que estão se desligando da Coopershoes. Por isso, tenho a profunda convicção de que essas pessoas que hoje perderam seu emprego brevemente serão realocadas”, destaca. 
Já existe uma relação de empresas que estão ofertando empregos imediatos: 50 vagas na Oleplan, 10 na MGA, 10 na Rometal e o Sine ainda oferta outras 47 vagas. E num futuro próximo serão instaladas duas novas empresas do setor metalmecânico no município: a VSM que, inclusive, já conseguiu o licenciamento ambiental, e uma empresa do empresário Dirceu Tedesco. Com a instalação dessas novas empresas tem-se uma projeção de mais 90 empregos entre o final desse ano e primeiro semestre do ano que vem. “O desemprego fica bastante amenizado e continuaremos trabalhando. Nós prezamos muito o emprego; a desigualdade social é resolvida com o pleno emprego, mas vamos absorver mais esse impacto, já enfrentamos a saída da São Paulo Alpargatas e da antiga Dalponte, que possuíam grande número de funcionários”, complementa. 
O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Cristiano Dal Pai, frisa, assim como o prefeito, que o Poder Público fez o que pode para evitar o acontecido. Inclusive ele ressalta que, em janeiro, na renovação do aluguel, a prefeitura teve um acordo verbal com a empresa de que ficariam no município por mais dois anos.
Além das vagas que já estão abertas, e das futuras empresas, a parte burocrática do próximo Distrito Industrial está sendo finalizadas. Serão 20 terrenos para as empresas veranenses. O Secretário também coloca que está sendo modificado o conceito do Senai em Veranópolis. “Queremos transformar o município num polo metalmecânico, que é a nossa realidade”, conclui. 
No setor de finanças, conforme o Secretário Ricardo Ledur Gotardo, o impacto deve ser muito baixo, será, inclusive, positivo, visto que o retorno da empresa estava aquém do incentivo que ela estava recebendo. “O valor adicionado da empresa não dava conta com o retorno de ICMS de custear o aluguel que ela própria acabava desfrutando. Então, para as contas do município, não terá impacto num primeiro momento. Mas terá, evidentemente, na economia indireta, em função do salário; mas a partir do momento que essas pessoas se realocarem no mercado, o impacto será dirimido de forma muito rápida”, explica Ricardo. 

O que diz o Sindicato 
O Presidente do Sindicato do Vestuário, Jandir Zacarias, coloca que, no início do mês, esteve em Picada Café, e na conversa com a direção a empresa percebeu que estavam prestes a fechar as portas em Veranópolis. 
Em seu auge, a Coopershoes chegou a ter aproximadamente 700 empregos diretos, mas, nos últimos anos reduzindo esse número e, atualmente, tinha 150 empregos diretos, mais alguns afastados, chegando a cerca de 180. “Alguns funcionários serão conduzidos para outra unidade; outros, que são de Picada Café, retornarão ao município”, ressalta. Dos 130 trabalhadores desligados, cerca de 100 são de Veranópolis; e os demais são de Nova Prata, Vila Flores, e outras cidades vizinhas. Grande parte dos funcionários da Coopershoes eram mulheres, porém, segundo Jandir, elas serão realocadas nas empresas do setor metalomecânico: “Antigamente, o setor metalmecânico contava mais com mão de obra masculina. Hoje, mulheres também podem trabalhar nesse setor, que é o forte do nosso município”, explica.
Diversas situações, como estabilidade de emprego, afastamento pelo INSS e a situação dos aprendizes do Senai, serão resolvidas nos próximos dias. A empresa concederá aviso prévio indenizado aos trabalhadores e, de acordo com a lei, tem dez dias para o acerto rescisório. 

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