Em Veranópolis, a corrida é um dos esportes mais praticados por meninas. Chumbinho Zanotto, profissional de educação física e atleta, que coordena o projeto “Sameve: Correndo para um futuro melhor”, afirma que a modalidade foi uma das que mais incluiu mulheres. “Foi onde elas se sentiram mais à vontade, também porque é individual, elas se adaptaram muito bem pois não dependem de outras pessoas” destaca.
Chumbinho corre desde 1988, e durante sua trajetória sempre lutou pela igualdade nesse esporte, tanto em categorias quanto em premiações. Ele coloca que, no passado, por exemplo, os homens chegavam a ganhar R$ 1000 e as mulheres R$ 200, em uma mesma categoria e colocação E ele também relata que nas competições sempre tinha muito mais homens do que mulheres. Mas isso foi mudando: “Hoje, as mulheres tomaram conta em corrida de rua, pista e montanha; elas conquistaram a igualdade graças à dedicação. Porém, reconheço que muitas mulheres estão participando das corridas, mas não existe um número muito grande de mulheres treinando diariamente para competir tendo em vista o panorama nacional”, afirma.
Em Veranópolis, ele afirma estar surpreso, pois em seu projeto tem muito mais meninas do que meninos. E as atletas estão vencendo provas em todo o estado. Inclusive, no ano passado, duas veranenses foram para a final dos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (Jergs), em São Leopoldo. Vamos conhecer a história de algumas atletas destaque do projeto:
Uma delas é Kétlin da Luz, que começou a praticar o esporte com 12 anos. Ela conta: “Tudo começou em um domingo à tarde, quando estava com a minha família na sacada de casa. Nós vimos que estava acontecendo um evento no centro da cidade e fomos até lá. Quando chegamos, percebemos que era um evento esportivo de corrida, e meu irmão me desafiou: ‘se você correr, eu pago sua inscrição’, e eu, como adoro desafios, fui e fiquei em segundo lugar, apenas por alguns segundos da primeira”.
Atualmente, com 16 anos, ela treina seis vezes por semana, em torno de 1h30min ou 2h por dia. Como a corrida é uma das coisas que ela mais gosta de fazer, busca preparar-se com muito foco e determinação, e graças a isso garante ótimas conquistas nas provas que disputa; na última, em Marau, ela ficou em 3º lugar geral: “competi com atletas de alto nível, que me desafiam ainda mais, e a premiação era em dinheiro”, destaca orgulhosa. Como ela faz magistério em Nova Prata e estuda o dia todo, uma das principais dificuldades é a falta de tempo e, além disso, a falta de apoio e reconhecimento não só em Veranópolis, mas em um nível nacional e mundial. Dentre as suas conquistas estão: Campeã do Guaporé Night Run 3km; Campeã da 3ª Corrida de Aventura de Westfalia 3,5km; 2º lugar trio feminino na Travessia de Torres a Tramandaí 34km, entre outros.
Já Natasha Silva Martini conheceu o projeto por meio de dois amigos, adaptou-se e começou a praticar corrida. Para as disputas, ela treina diariamente sob orientação de Chumbinho, com muito foco e determinação. Hoje ela tem 15 anos e já treina há três anos. A cada dois ou três meses, tem provas e, para ela, cada premiação serve como incentivo e satisfação pelo esforço. No momento, Natasha está treinando com bastante empenho para o campeonato do JERGS. Natasha já coleciona títulos: Campeã geral da Guaporé Night Run 6km; Campeã geral na Associação Barbosense de Atletismo 5km; Campeã geral da 2ª Rustica de Vila Flores 6km; entre outros.
E a mais jovem das três, Gabrieli Morais Dos Santos, de 12 anos, conta que tudo começou quando assistiu a sua
irmã em sua primeira corrida, a partir do projeto, e encantou-se. A partir do apoio dos pais e da irmã, ela conheceu Chumbinho, que lhe disse algo que a motiva sempre: ‘você é o que você treina!”. Assistindo outros atletas e vendo as suas conquistas ela se inspirou, pois queria ser igual a eles. “Treinei muito e comecei a me destacar. Hoje, já consigo fazer tudo o que sonhei, e pretendo melhorar a cada dia. Além do foco e dedicação importantes na busca de resultados, ela salienta a alimentação que precisa ser balanceada. Atualmente, ela participa de várias corridas onde, às vezes, compete com pessoas mais velhas. “Tenho foco no que eu quero; às vezes, tenho resultados positivos, outras, negativos. Porém, não desanimo”. Com apenas 12 anos, ela já comemorou diversas medalhas: Campeã 1km em Carlos Barbosa; Segundo lugar geral na 5ª rústica de Nova Prata 5km; Campeã da Rústica e minirrústica em Capão da Canoa 2km.
No momento, Gabrieli também está participando do JERGS e seu objetivo é levar o nome de Veranópolis até a final. “Agradeço a Deus e meu professor que me dá todo o apoio que eu preciso, ‘puxa minha orelha’ quando precisa; só tenho a agradecer a ele e a minha família”, afirma. Os momentos difíceis, para ela, são quando sofre alguma contusão e precisa se recuperar. “Eu venho de uma família que não tem muita condição, porém, isso não me abala, pelo contrário, me motiva a ser o melhor que eu puder para dar uma condição melhor pra minha família”, conclui a jovem atleta.
Espaço para o esporte
Segundo o Coordenador de Esporte de Veranópolis, Cléverson Kufner, Fininho “ a prática esportiva entre as mulheres tem crescido, seja nos esportes individuais, com foco na qualidade de vida (caminhada, corrida, musculação), como em esportes coletivos (câmbio para a terceira idade; futsal e vôlei para o público geral”. Em Veranópolis, planeja-se ampliar a a oferta de espaços destinados à prática de esportes, incentivando cada pessoa a encontrar uma atividade que aprecie.
Uma das obras já iniciou, que é o Complexo da Palugana, onde a quadra poliesportiva e a pista de skate estão prontas. Além disso, o espaço contará com quadra de areia, melhorias na pista de caminhada/corrida e academia ao ar livre, que já foi licitada; também haverá academias ao ar livre em outros locais: uma no loteamento Chiaradia e uma na praça.
Em relação ao Complexo da Palugana, Fininho destaca: “estamos aguardando a liberação do Ministério dos Esportes para podermos dar andamento à etapa que inclui as melhorias na pista de caminhada e no campo de futebol, que inclui a iluminação de toda a pista, garantindo mais segurança, permitindo que seja utilizado muito mais pelas mulheres no turno da noite. Esse projeto já foi aprovado no ano passado; agora, estão sendo revisados e aguardamos para logo a liberação para licitarmos”.
