Município estuda conceder Cemitério à iniciativa privada

A falta de segurança no Cemitério Municipal de Veranópolis vem sendo debatida entre os moradores que, ao visitarem as capelinhas, acabam deparando-se com cenas deprimentes: pessoas utilizam drogas no local e até mesmo roubam flores e vasos para alimentar o vício. 
Rosane Dall Agnese Sinigaglia teve a capelinha de sua família arrombada quatro vezes em menos de um ano, além de outros diversos roubos, um deles, inclusive, oito dias após o falecimento do pai, ao mês passado. “Oito dias depois que meu pai faleceu, eu fui no cemitério e tive que pedir desculpas para ele. Foi um momento muito triste. Encontrei uma das jovens em cima da capelinha fumando, precisei pedir que se retirasse.  Isso acontece em muitos jazigos, o nosso é apenas um dos casos”, destaca. 
Além dos roubos e arrombamentos, ela aponta a insegurança em visitar as capelinhas por causa da presença de dependentes químicos que, pelas suas condições, acabam apresentando perigo. Rosane coloca que se torna impossível visitar o cemitério sem a companhia de alguém.  “O cemitério precisa de uma segurança melhor, é um local sagrado, que as pessoas têm para descansar. Sabemos que é apenas a matéria que está lá, mas é uma questão de respeito e religiosidade. É uma questão religiosa da nossa cultura, tanto minha avó e minha mãe sempre gostaram dessa simbologia de colocar flores nas capelinhas. Como nossos familiares gostavam de flores e de natureza, sempre tivemos o costume de levá-las, como uma forma de nos confortarmos e de respeito”, afirma. 
Uma das coisas que indigna Rosane e as demais vítimas dos furtos é a atitude das pessoas que compram os objetos roubados. “As pessoas que estão comprando têm uma atitude ainda pior do que quem está vendendo. Uma falta de respeito total. Se eles vão pegar flores e objetos de lá é porque tem alguém que compra. Essas pessoas precisam pensar antes de comprar essas coisas, auxiliando uma rede de roubo e compra de drogas”, coloca. 

Local sagrado que exige respeito
Muitas seriam as alternativas de melhorar a segurança. Entre elas, Rosane sugere a colocação de guardas e, além disso, ela aponta a necessidade de encontrar alternativas de ocupação para as pessoas que ficam naquele local utilizando drogas e roubando. “É uma situação difícil e complicada, mas precisa. As pessoas que querem ir lá fazer uma visita para o seu familiar precisam ir com mais tranquilidade. Senão, tem que ir com aquele medo, olhando ao redor, pois estão sempre por aí. Talvez, segurança pelo menos durante o dia, para que as pessoas possam visitar as capelinhas com tranquilidade. Ou então, um segurança que acompanhe a pessoa em sua visita. Dois guardas, um na portaria e outro que acompanhe as pessoas”, sugere. 
Outra alternativa apresentada por Rosane seria adicionar uma taxa nos impostos da população para garantir a segurança do necrotério. 
“Eu pago, por exemplo, a taxa da iluminação com muito prazer, pagaria até mais se for preciso, pois tornou a cidade muito melhor. Acho que as pessoas não se recusariam a pagar para garantir a segurança”, afirma. 
Por fim, ela acrescenta que é preciso tomar alguma atitude: “Não vamos lá por medo! Não é consertar a porta depois dos arrombamentos que me incomoda, o que dói mesmo é ver aquela situação de dependentes utilizado drogas e roubando num lugar que merece respeito”. 

Em busca de alternativas
De acordo com o Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Romeo Matielo Tedesco, para tentar sanar o problema de insegurança no Cemitério Municipal e melhor organizar os serviços de sepultamento será lançado pela prefeitura um edital, que conceda a uma empresa a manutenção do espaço. Para isso, será feita uma licitação, passando a responsabilidade para uma empresa terceirizada. Mesmo assim, o Cemitério continuará sendo público.
Ele explica também que a prefeitura tem um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público. Sendo assim, o serviço de sepultamento é público e deve ser regulamentado. Em 2018, foi dado um dos primeiros passos para a organização do espaço, com a atualização dos jazigos para, após, fazer o compilamento dos dados.  
Até o final deste ano, a prefeitura pretende lançar o edital de concessão dos serviços que envolvem o cemitério. “Esse documento que abre o processo licitatório aglomerará todas os deveres e direitos que caberão à empresa, como horários de abertura do Cemitério, serviços de segurança, acompanhamento e documentação de sepultamentos, manutenção da infraestrutura, entre outros. Será uma concessão de serviços como de transporte público, de estacionamento rotativo, entre outros. Hoje, a prefeitura apenas conta com um zelador que cuida da área e procura mantê-la, mas não presta um serviço de segurança”, explica o Secretário. 
Romeo acrescenta que colocar uma empresa terceirizada para fazer a segurança do cemitério é um custo alto para o município, que ultrapassaria R$ 10 mil por mês. “Isso está um pouco distante ainda, mas está em análise, para que possamos realmente lançar um “edital real”, que tenha uma concorrência, que as empresas venham e façam o serviço de maneira que atenda às necessidades da população”, coloca. 
Sobre a ampliação do espaço, Romeo frisa que o município detém uma área de terras aos fundos do Cemitério, próximo à Rua Giusepe Garibaldi. Para isso, estudos estão em andamento. Em relação à segurança, enquanto o edital não é concluído, a Prefeitura fez a instalação de novas câmeras de segurança nas proximidades da Necrópole.

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