Retrato do abandono: Situação do Colégio São Luiz beira o caos

Além da interdição de parte de sua estrutura desde março de 2018 por oferecer riscos à segurança de todos, o Colégio Estadual São Luiz Gonzaga, atualmente, passa pela superlotação de salas de aula devido à abertura de cinco turmas a menos com relação ao ano passado, e ao fechamento de uma turma de primeiro ano do Ensino Médio.
Após visita às dependências da escola, um grupo de pais decidiu realizar uma mobilização. O ato será promovido visando sensibilizar as autoridades para questões graves à educação.
Um dos motivos da mobilização é a lotação de algumas salas. Segundo a professora Katiuska Izaguirry Marçal, o colégio recebeu a notificação da não homologação de uma turma há cerca de duas semanas.  Devido a isso, o Conselho Escolar e o Círculo de Pais e Mestres (CPM) comunicaram a situação aos pais em reunião emergencial, disponibilizando a visita ao colégio. As turmas passaram de 23 estudantes a uma média de 35, o que preocupa a aprendizagem e concentração dos alunos. 
Sendo assim, na semana passada, um grupo de pais, representantes do CPM e do Conselho Escolar conheceram as condições das salas e dependências da escola e a situação em que os educandos se encontram. “Nos deparamos com salas lotadas, com turmas de até 37 alunos, o que dificulta o aprendizado deles; e dificuldade até dos professores se locomoverem pela sala. A situação é precária, pois há salas vazias, mas estão interditadas, precisando de reformas, à espera de solução do governo”, afirma Adriana da Silva Polina, mãe de aluna do 1º ano do ensino médio.
Os professores enviaram um abaixo-assinado à Secretaria Estadual de Educação, através do CPERS, avaliando a superlotação de turmas, no dia 25 de fevereiro. “Nós, professores, entendemos que turmas com mais de 25 alunos prejudicam o acompanhamento individualizado da aprendizagem. E temos a situação dos inclusos: este ano, temos turmas com até quatro alunos com necessidades especiais que, por lei, têm direito à avaliação e atividades diferenciadas. Como dar auxílio individualizado numa situação onde ainda há mais alunos a serem atendidos?”, questiona a professora Katiusca. 
A educadora acrescenta que, pelo regimento da escola, é preciso proporcionar no mínimo três avaliações, além de avaliações paralelas durante o trimestre letivo. Isto fica mais difícil quando as turmas são maiores, tendo em vista que a legislação exige avaliação emancipatória e não meramente somatória. Como os professores avaliam por conceitos, precisam observar comportamento, conduta, e não apenas as provas. 
Em 2018, mais de 120 alunos foram reprovados e não puderam avançar de série devido à situação precária do educandário. 

“Somos todos Colégio 
São Luiz Gonzaga”
Após a visita, mães e pais, decididos a lutar pelos direitos dos filhos, realizaram baixo assinado que circula nesta semana, o contato com a imprensa e a mobilização em prol ao São Luiz, que acontecerá no próximo sábado, dia 30, às 9h30min. “Nós, mães e pais, cansados com esse desleixo, nos organizamos para lutar por nossos direitos como cidadãos, como pais, e por nossos filhos (as), que precisam desse lugar para estudar. Vamos lutar por nossos filhos (as) e nos manifestar em defesa do nosso colégio, que faz parte da história da nossa cidade.  Em nome dos pais da comunidade São Luiz Gonzaga, através dos representantes do CPM e do Conselho Escolar, pedimos ajuda para todos se unirem em prol do nosso Colégio: Somos todos Colégio São Luiz Gonzaga”, destaca Adriana. 
Assim como os professores e pais, os alunos mostram-se insatisfeitos com as condições do colégio. Além dos prejuízos da interdição de parte da estrutura que impede o acesso a diversos locais, a aluna do 2º ano do Ensino Médio, Joice Machado Silva, ressalta que com a superlotação das salas os alunos se prejudicam muito, pois fica apertado e o rendimento diminui. “Na manifestação, é muito importante o apoio de todos, pois devemos mostrar que não estamos satisfeitos com esta situação, pedimos apoio e colaboração. Devemos lutar por essa causa e apoiar o São Luiz”, pede a aluna.
Segundo a Secretária Municipal de Educação, Izabel Menin, o prefeito Waldemar De Carli, no ano de 2018, buscou a verba para a reforma do prédio do educandário. “Há 15 dias, novamente, ele se reuniu com o Secretário de Obras do Estado, para tomar conhecimento de como está o andamento da situação. Porém, foi informado que a primeira empresa que havia ganho a licitação não aceitou e estariam vendo, conforme Lei de Licitações, se a segunda colocada aceitaria pegar a reforma. Ele está em constante contato para intermediar e agilizar a obra”, resume Izabel.

Situação se agrava cada dia mais

Em nota, o Colégio Estadual São Luiz Gonzaga afirma: 
“Sobre a questão da divisão das turmas: a ordem da Seduc foi que as turmas deveriam ter 35 alunos, porém, negociávamos sempre com a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) por causa do tamanho das salas e por termos vários alunos de inclusão. Este ano, porém, devido à defasagem de funcionários, a CRE não abriu a possibilidade de diálogo.
Então, não foram disponibilizados recursos humanos para a organização das turmas. Temos, na parte da manhã, três turmas de terceiros anos, com nove inclusos que requerem atendimento pedagógico adequado; porém, não está sendo possível.  
Os segundos anos estão com uma média de 35 alunos, é muito difícil de trabalhar. Quanto o EJA, como há bastante procura, tínhamos duas turmas de cada nível. Este ano, apenas uma turma de cada.
Nos primeiros, anos tínhamos a intenção de nove turmas por causa do espaço e da inclusão de quatro alunos. Depois de um mês de trabalho, veio a notícia de que uma turma deveria ser fechada, sendo que os professores que trabalharam nela não receberão pelas horas trabalhadas. É bem complicado, porque as turmas têm mais de 35 alunos. 
Outra questão é que temos alunos inclusos que precisam de monitoria em todo o tempo de escola. A orientação é de que os pais destes alunos devem entrar na justiça, ou seja, só terão o direito através de ordem judicial, que é um processo um tanto demorado. É uma questão de dignidade, que nos aflige muito.
Estamos também com falta de uma merendeira, pois uma colega se aposentou e o Governo não tem previsão de liberação de uma substituição. No setor de limpeza, temos uma funcionária em processo de aposentadoria e, da mesma forma, não existem perspectivas para suprir o setor
Quanto à obra, no final de dezembro estava tudo pronto para iniciar, porém, a empresa vencedora da licitação desistiu. Agora, um novo processo precisa ser aberto. E segundo a 12ª CRO, coordenadoria de obras da região é um processo demorado.
Segundo os Bombeiros, que interditaram uma parte da escola, há risco, sim, de desabamento. Vivemos uma situação de abandono, infelizmente”. 

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