Primeira mulher astronauta brasileira, Laysa Peixoto leva o Brasil ao espaço e sonha com Marte
Aos 20 anos, mineira que estudou em escola pública conquista vaga em missão espacial inédita e se prepara para voar com veterano da Nasa rumo ao espaço em 2029
Quando criança, Laysa Peixoto viu um vídeo da astronauta Cady Coleman tocando flauta no espaço. Aquela imagem ficou gravada na memória e alimentou um sonho que parecia impossível. Mais de uma década depois, aos 20 anos, ela anuncia ao mundo: “Eu estou indo para o espaço!”.
Laysa será a primeira mulher brasileira a viajar ao espaço, integrando o voo inaugural da Titans Space, previsto para 2029. A missão será comandada pelo veterano da Nasa Bill McArthur, e marcará um novo capítulo da presença brasileira na exploração espacial. Mais que um feito individual, Laysa carrega a esperança de uma geração inteira que aprendeu a sonhar mesmo diante das barreiras sociais, geográficas e econômicas.
“É uma honra levar a bandeira do Brasil comigo como a primeira mulher brasileira a cruzar essa fronteira”, escreveu em uma publicação nas redes sociais.
Da escola pública ao cosmos
Filha do ensino público, Laysa nasceu em Minas Gerais e hoje estuda Física e Computação no Manhattan College, nos Estados Unidos, com bolsa integral. Em pouco tempo, tornou-se um nome promissor da ciência espacial. Descobriu um asteroide — que hoje leva suas iniciais —, contribuiu para a marca histórica de 5 mil exoplanetas identificados pela Nasa e atualmente lidera um projeto para extrair água da superfície da Lua, dentro de uma equipe internacional.
Em 2020, participou de uma pesquisa de classificação de galáxias conduzida pelo Observatório Nacional do Japão. A dedicação e o desempenho chamaram a atenção da Nasa, que a incluiu em programas e iniciativas voltadas à próxima geração de exploradores espaciais.
Em 2023, foi reconhecida pela Forbes Brasil, ao entrar na lista Under 30 na categoria Ciência e Educação.
Ela resgatou o impacto da primeira foto da Terra feita do espaço, lembrando como aquela imagem transformou a visão que temos de nós mesmos e do nosso planeta. “Essa foto uniu a humanidade como nunca antes. E a exploração espacial faz isso com as pessoas. O mundo inteiro está unido em prol de um objetivo: alcançar as estrelas.”
Mais do que imagens belas, diz Laysa, a ciência espacial exige inovação radical. O desenvolvimento de foguetes reutilizáveis, sistemas de suporte à vida e tecnologias de reciclagem de água são apenas alguns exemplos que cita de como o desafio de sair da Terra impulsiona descobertas com impacto direto na vida cotidiana.
️ A nova corrida: ficar na Lua, chegar a Marte
Segundo Laysa, o objetivo atual da exploração não é mais apenas “chegar”, mas permanecer no espaço. Missões como o programa Artemis, da Nasa, pretendem estabelecer uma presença contínua na Lua como trampolim para o próximo passo: alcançar Marte.
“Ficar na Lua é um passo para alcançar Marte, o nosso grande objetivo, o famoso planeta vermelho.”
Ela acredita que a presença humana em Marte — e não apenas de sondas — será essencial para avanços científicos em escala global. “Ir à Marte vai revolucionar a medicina”, afirma. “Estamos falando da missão mais longa da história, que vai exigir novos sistemas de suporte à vida, comunicação, medicina de emergência e reciclagem de recursos. Essas tecnologias depois retornam para beneficiar a vida aqui.”
E faz a pergunta: “E por que levar pessoas, se já temos máquinas em operação no planeta vermelho?” Laysa também responde com convicção: “Os seres humanos possuem uma capacidade incrível: conseguimos olhar para cima e fazer algo quase mágico.”
Fonte: Correio do Povo