Especial: Conheça uma história “construída” com muita luta
Desde a infância e juventude, Reinaldo Vuelma admirava-se com as construções. Elas chamavam sua atenção, assim como o serviço dos pedreiros. Entretanto, antigamente, era difícil entrar nesse ramo que, diferentemente de hoje, era bem menor. Atualmente, junto com dois filhos e mais um sócio, Reinaldo é proprietário da Vuelma Construtora e Incorporadora, que com 14 anos de existência, está construindo o seu 13º empreendimento.
Sua trajetória iniciou com uma oportunidade, graças a pessoas que acreditaram no seu potencial. O primeiro contato de Vuelma com a construção foi auxiliando Venerindo Fracaro (in memoriam) na ampliação dos pavilhões da E. R. Amantino/Boito, em 1973. Quando Fracaro deixou o serviço, Elias Ruas Amantino (in memoriam), por ter gostado do sistema de trabalho de Reinaldo, o contratou como chefe nas construções da Boito. Com um sorriso no rosto, Vuelma recorda do seu início na profissão que tanto ama: “aqueles pavilhões, que são uma continuidade da Boito, eu que construí. E a Microvera, construí em tempo recorde: apenas 45 dias”. Até hoje ele agradece o apoio que Venerindo deu-lhe no início da profissão, assim como o incentivo de Ruas.
Depois dessas construções, Reinaldo adquiriu experiência e, então, começou a trabalhar por conta, com sua
equipe. Ele administrava e coordenava as obras (mestre de obras), construindo casas, mansões e pequenos prédios. “Minha intenção desde sempre foi de fazer as coisas bem-feitas, com capricho”, destaca. E foi graças a isso, juntamente com seu interesse e dedicação em aprender e entender cada vez mais, que ele chamou a atenção de engenheiros e empresários do ramo. “Ele se destacava, pois sendo autodidata, buscava coisas novas e trocava ideias com os engenheiros nas obras”, orgulhosa afirma a filha Elizabete.
Reinaldo começou a ter muito conhecimento nos projetos, e assim surgiram oportunidades de construir prédios em Santa Catarina, por intermédio do engenheiro do Daer na época, Raul Noschang. Em municípios como São Miguel do Oeste e Xanxerê, Reinaldo executou inúmeras obras: “foram três pavilhões de alojamento, que comportavam 120 estudantes, ginásios de esporte, prédios para a Rede La Salle”, conta ele.
Depois disso, Vuelma retornou a Veranópolis e continuou com as obras; já não faz ideia de quantas construções ele e sua equipe fizeram. Na época, era autônomo e contratado para executar inúmeras obras na cidade. Muitas são as histórias que o orgulham: uma delas é da construção da casa de Livino Galeazzi pois, no final dos trabalhos, ao invés de pedir um desconto, algo que segundo Reinaldo “os gringos” costumam fazer, ele pagou uma bonificação como forma de gratificação por ter adorado o serviço. Engana-se, entretanto, quem pensa que Reinaldo só comandava, ele “colocava a mão na massa”. Tanto que o seu crescimento no ramo se deve a muito trabalho e dedicação: “como dizem, ‘o boi engorda no olho do patrão’; era eu que abria o barracão de manhã e fechava de noite, eu estava sempre lá”, recorda. O planejamento também sempre foi uma das bases de Vuelma. “Hoje, eu já pensava no que ia fazer amanhã e na semana que vem. E depois de um dia inteiro de trabalho, levava as plantas da obra para casa para estudar como a executaria no dia seguinte”, recorda.
Outra obra memorável para ele foi a construção do Supermercado Frassul do centro. O construtor conta que em dois dias e meio fizeram 260 sacos de cimento virados em concreto. “Não tinha a tecnologia de hoje, era muito mais braçal, e tudo tinha que ser planejado para não perdermos tempo”, relembra.
União que partiu de um grande legado
Reinaldo e Ana, sua esposa, tiveram três filhos: Eliana, Elizabete e Roberto. Eliana seguiu o ramo da educação e Elizabete e Roberto, a construção. A filha Elizabete acredita que isso estava no sangue, pois ela e o irmão Roberto, na sua juventude, pensaram em cursar Matemática e Medicina, respectivamente, porém, não era por essas profissões que seus corações batiam mais forte. Elizabete, então, cursou Arquitetura, e o Roberto, Engenharia Civil. Ambos sempre tiveram como referência o pai, hoje considerado por muitos como um engenheiro. A arquiteta explica que, apesar de seu pai ter estudado até a 5ª série, ele é considerado um grande profissional nessa área.
Vuelma nunca quis ficar parado. Depois de uma obra já iniciava outra, e assim por diante. Conta que quando comprou o primeiro terreno para construir seu primeiro prédio, e depois vender os apartamentos, as leis começaram a determinar que só se poderia trabalhar como autônomo com uma equipe pequena. Então, foi o momento em que ele, juntamente com os filhos já formados e com o arquiteto que trabalhava com Elizabete, Diego Lopes Pelliccioli, decidiram criar a construtora, em 2005.
A escolha do nome da empresa Vuelma foi unânime. Alguns pedreiros que começaram com Reinaldo nas primeiras obras ainda estão na construtora pois, a partir da equipe inicial, apenas foram sendo contratados novos funcionários conforme a necessidade. São muitos funcionários, mas em setores mais específicos como o acabamento, por exemplo, a mão de obra é terceirizada.
Ter unido a família na construtora orgulha Vuelma que hoje, com 72 anos, vai menos às obras, pois, com o tempo, os filhos, genros, e em breve os netos, foram assumindo. “O que eu sempre disse para meus filhos é que, quando jovem, meu pai não tinha muitas condições para nos dar estudo, mas dizia que a maior herança que ele poderia nos deixar era o nome. E nós escolhíamos se quiséssemos zelar por ele ou jogá-lo no lixo. Jamais esqueci disso que ele me disse há 60 anos. Acredito que zelei por ele”, afirma Reinaldo.