Saiba mais sobre a Doença de Alzheimer

O Estafeta: O que é o Alzheimer?
Dra. Kaissara: Doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes.

O Estafeta: Quais são os principais sinais da doença?
Dra. Kaissara: Um dos principais sinais da doença é a perda funcional, ou seja, a pessoa não consegue realizar atividades que antes realizava sem dificuldade. O início é insidioso, pequenos esquecimentos, alterações de humor, desorientação.

O Estafeta: Qual a diferença entre esquecimento e Alzheimer?
Dra. Kaissara: Na demência de Alzheimer, a pessoa vai perdendo a capacidade de aprender e de ativar a memória e isso é o patológico. Ela deixa de se dar conta e as pessoas à volta começam a perceber essa dificuldade.

O Estafeta: Quais são as possíveis causas da doença?
Dra. Kaissara: Sua causa ainda é desconhecida, mas identificamos vários fatores de risco entre eles: genética, traumatismo craniano, depressão, hipertensão, obesidade, diabetes, fumo, álcool…

O Estafeta:  Como é a evolução?
Dra. Kaissara:  A progressão da Doença de .Alzheimer é dividida em três fases: inicial, moderada e avançada. No entanto, essa divisão clara na literatura, nem sempre é tão evidente na vida real.
Fase inicial: sintomas leves, muitas vezes confundidos com o processo de envelhecimento.
Fase moderada: capacidade de memória, sociabilização, comunicação e percepção têmporo-espacial são reduzidas. Há maior dificuldade em realizar atividades comuns.
Fase avançada: com as funções cognitivas deterioradas, há dificuldades em quase todos os momentos do dia. Caminhar, falar e até deglutir podem ser grandes esforços.

O Estafeta: Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
Dra. Kaissara: A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico. Exames de sangue e de imagem, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças. A avaliação neuropsicológica permite identificar a intensidade das perdas.
O tratamento medicamentoso é sintomático mas sem conseguir mudar a ordem natural da doença. Embora o grau de progressão seja variável, o declínio cognitivo é inevitável. Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva.

O Estafeta: Quais são as recomendações para as pessoas que enfrentam a doença e para quem cuida delas?
Dra. Kaissara: Este tema é muito amplo. O principal é não esquecer que o doente de Alzheimer pode não saber quem você é, mas você sabe quem ele é. Respeito, paciência, compreensão, esclarecimento sobre a doença e sua evolução. Reconhecemos que cuidar de um paciente com Alzheimer não é algo fácil. É um paciente adulto, que dependendo da fase, exige mais cuidados que uma criança. Recomendamos o rodízio de cuidadores, e não o deslocamento do paciente.
Existem muitos materiais, citamos o livro “Histórias que continuam vivas na memória”, de Fernando Aguzzoli. Ele relata sua experiência ao cuidar de sua avó portadora da Doença de Alzheimer.

O Estafeta: Neste período de quarentena, muitos idosos acabam ficando mais sozinhos, como o acompanhamento deve ser feito pelos familiares?
Dra. Kaissara: Este período está sendo difícil para todos. Temos que ter muito cuidado com a solidão. Felizmente, hoje dispomos de tecnologia que nos permite estar próximos sem estarmos presentes. Deve-se incentivar e estimular os idosos para que mantenham atividade física e cognitiva. A ociosidade é um grande inimigo.

O Estafeta: E para quem, devido à quarentena, está ficando mais tempo com os pais e avós, por exemplo, as chances de perceber os sinais são maiores?
Dra. Kaissara: Teoricamente sim. O convívio mais próximo nos permite perceber pequenas falhas cognitivas, que na vida agitada do cotidiano passariam despercebidas. Agora, se estivermos na quarentena fechados dentro de nós mesmos, presos na tecnologia, nada perceberemos o que acontece com as pessoas mais importantes da nossa vida.

O Estafeta: Existe algum modo de prevenção?
Dra. Kaissara: O controle dos fatores de risco, exercitar o cérebro. 

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