UCS desenvolve modelo de inteligência artificial para ajudar no combate à Covid-19

Prever possíveis focos de Covid-19 representa um importante passo para conter o avanço da doença e minimizar os seus impactos. E isso está perto de se tornar realidade em Caxias do Sul. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul (UCS) trabalha em projeto que utiliza inteligência artificial para identificar com antecedência focos de infecção entre a população.

O modelo já está em fase adiantada. Previsto para ser entregue em janeiro do próximo ano, pode ser finalizado em um mês. Conforme o coordenador do estudo, professor Leandro Corso, o projeto já passou pelo estágio de coleta de dados e agora está na etapa do desenvolvimento matemático. O último ponto será colocar o modelo em operação. Testes já realizados demonstram que o projeto está no caminho certo.

— Conseguimos ver que o modelo faz boas projeções. Ele entende estaticamente o que aconteceu no passado e busca um padrão — explica Corso, pós-doutor em Otimização.

O projeto usa elevada capacidade computacional e algoritmos de aprendizagem de máquina e é capaz de mapear a tendência de contágios. A partir da leitura de dados oficiais já coletados, consegue projetar o cenário futuro de infecções. O objetivo, com isso, é que ele forneça subsídios ao poder público para a tomada de decisões no combate ao coronavírus.

— Se a gente sabe onde tem foco, sabe onde agir. Por exemplo: o modelo identificou que vai ter um foco na região central da cidade. A prefeitura pode agir ali — diz.

A possibilidade de identificar os focos e as tendências de alastramento ou de diminuição da doença permitem também reduzir os impactos relacionados à economia, já que possibilita verificar de forma mais assertiva a necessidade de medidas restritivas de circulação, por exemplo.

Criado para atuar no combate à Covid-19, o modelo poder ser aproveitado em outras situações de epidemia ou pandemia que venham a surgir ou ser adaptado para outras demandas de crises de saúde pública.

Projeto será usado pela prefeitura

Assim que estiver pronto, o projeto será entregue para uso da administração municipal. Isso irá possibilitar, conforme o diretor-executivo da secretaria municipal da Saúde, Dino De Lorenzi, um melhor planejamento das ações. Segundo ele, hoje a pasta trabalha com o cenário atual e dados do que já aconteceu.

— Já há um monitoramento interno. A diferença deste projeto é que ele trabalha com o futuro. Nós temos dados do momento e do passado — diz.

O modelo de monitoramento é abastecido pela prefeitura com informações como mortalidade, internações e perfil dos infectados. As informações são incluídas em um banco de dados virtual e processadas para gerar as previsões.

— Com o modelo de inteligência artificial temos a possibilidade de enfrentar situações mais dramáticas — acrescenta.

Como surgiu a ideia

A ideia de desenvolver um modelo de inteligência artificial para trabalhar de forma antecipada, identificando futuros focos de covid-19, surgiu em uma conversa de Corso com Juliano Gimenez, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (que também faz parte da pesquisa). Corso queria criar um projeto capaz de auxiliar a sociedade neste momento e está prestes a ver o desejo realizado.

A equipe multidisciplinar, que envolve especialmente professores e alunos da graduação e da pós-graduação, espera conseguir relatórios para o poder público atuar no combate à pandemia.

— Fico muito feliz pelo modelo estar apontando o futuro e angustiado para que funcione logo — resume Corso.

SAIBA MAIS

A pesquisa, intitulada Criação de um Modelo de Inteligência Artificial para Previsão e Identificação de Infecções por Sars-Cov-2 Considerando Testes RT-PCR e Sorologia IGG e IGM, é realizada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Uma equipe multidisciplinar, com representantes dos governos municipal e estadual, universidades, empresas e sociedade civil, além de pesquisadores voluntários da graduação e da pós-graduação da universidade, trabalha no projeto.

A pesquisa tem a parceria da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC-Caxias), Instituto de Pesquisas em Saúde/Centro de Saúde Digital da UCS, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Instituto Hélice, prefeitura de Caxias do Sul e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

O financiamento dos trabalhos ocorre por meio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e da própria UCS.

Fonte: Pioneiro

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