É assim que o casal Nicole Tomazi e Sergio Cabral se referem a sua casa quase centenária no interior de Veranópolis. Ela é veranense e ele paulista e se refugiam na Terra da Longevidade em busca de paz para fugir da rotina caótica de São Paulo.
Nicole é arquiteta e mestre em design com foco em patrimônio e território, enquanto Sérgio é formado em Design Industrial, mas sempre realizou trabalhos voltados a arquitetura. O casal é apaixonado por casas antigas e foi essa paixão que os motivou a comprarem a residência antiga, na qual passam boa parte do seu tempo no interior de Veranópolis.
Em 2021, durante a pandemia de Covid-19 eles adquiriram a residência e passaram a dividir seu tempo entre Veranópolis e São Paulo. Ambos realizam um trabalho autoral de design de produtos, que permeia entre design e arte com peças únicas e materiais produzidos pelos próprios artistas. “Aqui nós temos muito mais espaço para criar e produzir, além do espaço físicos temos também a amplitude mental. Aproveitamos para produzir quando estamos em Veranópolis”, explica Nicole.
As produções do Duo TomaziCabral são feitas na casa e comercializadas em São Paulo, além de serem expostas em feiras e exposições em diversos locais do país e do mundo. “Preferimos passar mais tempo aqui do que em São Paulo, mas não conseguimos ter uma agenda fixa de estadia nos dois locais, nosso objetivo é passar 15 ou 20 dias lá e um mês ou dois aqui”, relata Sergio.
A REVISTA
Nicole é colunista da revista Casa Vogue, na qual escreve em sua coluna ‘Cultura Feita à Mão’, sobre patrimônio e território no âmbito da manualidade, além disso, o duo TomaziCabral já figurou diversas vezes em matérias, tendo inclusive lançado coleções via revista durante a pandemia, por isso já possuem uma relação com ela. Em 2022, durante a Semana do Design de São Paulo, o casal contou sobre a casa para Guilherme Amoroso, diretor da revista. “Na época ele achou a história ótima, mas deixamos o assunto de lado. Em maio desse ano, fizemos uma exposição em São Paulo e encontramos ele novamente, fomos tomar um café e retomamos a história da casa. Ele nos disse que faria a edição de junho sobre refúgios, relatamos nosso desejo por uma capa, porque guardamos essa história com muito carinho”, revela o casal.
De acordo com eles, é incomum que uma casa nesse estilo apareça em uma revista tão renomada. “Normalmente, são escolhidas casas mais novas, que alguém assinou essa obra, geralmente são casas feitas por arquitetos de renome ou possuem algum conceito específico. Nossa casa não, ela foi feita pelo povo, com os equipamentos que eles tinham na época. Toda a madeira dela foi serrada a mão, feita de madeira de araucária, o casal que construiu dormia no quarto e as crianças no sótão, então é uma casa muito daqui, muito cultural e territorial, que caracteriza todo um povo. Sabemos que o pessoal da comunidade tem muito carinho por essa casa, porque muitos conheciam o casal”, explica Nicole.
Após cerca de dois anos sendo proprietários da residência, eles já se sente parte da comunidade. “Quando compramos a casa, a notícia que se espalhou foi que ela tinha sido vendida para um paulista, isso naturalmente causou estranhamento na comunidade local. No entanto, depois que eles entenderam que nossa intenção era preservar ela e morar aqui, porque o outro interessado em compra-la iria demolir e fazer lenha, esse estranhamento passou”, finaliza o casal.