Com mais de cem pontos com deslizamento de terra, BR-470/RS é um dos principais desafios do DNIT após as chuvas de 2024

Autarquia investe R$ 700 milhões no segmento para recuperar a rodovia e construir contenções que evitem novas ocorrências do tipo

Uma grande movimentação de terra, a queda de centenas de árvores, casas soterradas e estradas completamente obstruídas: assim foi o dia 1º de maio na BR-470/RS, no trecho entre Bento Gonçalves e Veranópolis, uma das regiões mais afetadas pelas chuvas de 2024 no Rio Grande do Sul.

Em um segmento de apenas 24 quilômetros, foram registrados 102 pontos de quedas de barreiras sobre o segmento. Em oito desses pontos, a rodovia foi completamente destruída, com a abertura de crateras que impediam a ligação entre um ponto e outro.

“Tinha vezes que tu passava nas barreiras e o barro chegava na barriga. Tinha que jogar alguns pedaços de pau para poder caminhar em cima, senão você se afundava”, conta Verlei Corlao, proprietário de um restaurante vizinho à ponte Ernesto Dornelles. O estabelecimento foi completamente destruído. À época, foram registrados deslizamentos que chegaram a 900 metros de altura.

Para ajudar a população que estava isolada ao longo da BR-470/RS, as equipes do DNIT, mesmo debaixo da chuva que ainda caía, se uniu a outros órgãos, buscando todo o recurso possível para abrir caminhos de resgate e suprimento. Foram vários dias de trabalho intenso, com duas equipes atuando, uma de cada lado da rodovia, para torná-la minimamente trafegável, o que só foi possível no dia 14 de maio, quando os dois grupos finalmente se encontraram, liberando o trânsito apenas para serviços emergenciais.

Por meio de contratações emergenciais, o DNIT ainda mantém diversas frentes de trabalho ao longo de toda a rodovia, assumindo o desafio de manter o trânsito de veículos liberado, mas também prezando pela segurança do usuário dos trabalhadores.

Ao todo, já foram contratados mais de R$ 700 milhões para a recuperação do segmento e a construção de estruturas para evitar novos deslizamentos.

“A ação do DNIT foi fundamental para reconstruir a BR-470/RS. A cada dia que passa, nossa ideia é a mesma: trazer a rodovia para uma condição ainda melhor do que ela tinha em maio de 2024, deixando-a mais resiliente, propícia a enfrentar melhor um novo evento dessa magnitude”, destaca Adalberto Jurach, chefe da Unidade Local do DNIT em Passo Fundo/RS.

Para garantir a estabilidade de terrenos íngremes ou instáveis, o DNIT aposta em técnicas de contenção que buscam suportar pressões e sobrecargas. E uma dessas soluções é a cortina atirantada, um dos principais serviços que estão em execução na BR-470/RS.

A técnica consiste na execução de uma “parede” executada a partir da ancoragem de barras de aços tensionadas, que são fixadas em estruturas de concreto na base e lateralmente para evitar deslizamentos e desmoronamento.

“Essa solução de cortina atirantada é uma estrutura de concreto que vai ser pressionada contra o terreno. Falando de uma forma básica, é uma estrutura que resiste, de maneira ativa, aos esforços do terreno”, explica o engenheiro Bruno Macaé, que atua nas obras no local.

O diretor de Planejamento e Pesquisa do DNIT, Luiz Guilherme Rodrigues de Mello, visitou o local ainda na primeira semana, quando já se iniciaram os estudos para a recuperação e a contratação de ações inovadoras para o trecho. “A construção de dois novos viadutos vai, de fato, permitir que a rodovia, mesmo em eventos extremos, tenha uma probabilidade muito menor de ser novamente afetada. Mas não apenas isso, também todas essas infraestruturas de contenção que estão deixando, obviamente, o segmento mais seguro”, destaca.

As obras na BR-470/RS, iniciadas em 2024, seguem em ritmo acelerado, pare devolver a trafegabilidade total à população.

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