Entenda o que muda com a revitalização da Júlio

O projeto vencedor do Concurso de Revitalização de trecho da Avenida Júlio de Castilhos, divulgado na última sexta-feira, dia 3, foi desenvolvido pelas arquitetas Julia de Fáveri, Camilla Ghisleni e Gabriela Fávero, da Bloco B Arquitetura, de Florianópolis, em parceria com Laura Rotter, do Escritório de Paisagismo Giz de Terra. 
Elas tiveram conhecimento do projeto a partir de uma coincidência. Foi através de um cliente que participa de muitos concursos, mas não de arquitetura, que estava realizando pesquisas, que elas chegaram até o edital. “O Google vinculou as duas coisas e apareceu o concurso e ele nos mandou, pois achou que combinava com os trabalhos do Bloco B. Na hora, já adoramos, pois já tínhamos vencido um concurso com um projeto de uma praça em Guaratuba; já estávamos nessa parte urbana e decidimos participar. Foi uma feliz coincidência!”, contam. 
A única que já havia conhecido Veranópolis era Gabriela, pois sua família é de Pelotas e passavam por aqui. Depois da decisão de participar, iniciaram as pesquisas sobre a cidade, momento em que perceberam que Veranópolis era muito conhecida no país associada à questão da longevidade. 
Ter ficado em primeiro lugar deixou o grupo muito feliz e orgulhoso. Elas perceberam a responsabilidade que tinham em poder contribuir inovando o urbanismo do município. Agora, elas pretendem vir para Veranópolis conhecer o espaço e assinar o contrato. 

Da esquerda para a direita: Laura Rotter, Julia de Fáveri, 
Camilla Ghisleni e Gabriela Fávero.

Unindo ideias

Para desenvolver o projeto, elas não visitaram Veranópolis, usaram outra alternativa: ouvir a população. “Conversamos muito por telefone com os comerciantes. Procurávamos o número do telefone do pessoal e ligávamos para entender um pouco mais sobre a cidade, sobre o trecho, e saber quais eram as expectativas e os desejos da população para esse espaço”, relata Gabriela. 
Para decidir questões de trânsito, elas estudaram o fluxo da região e os impactos que a revitalização causaria no contorno. E devido às análises, mantiveram as duas vias para não trazer muito transtorno para a cidade. 
Foi incluída uma ciclovia, pensando que ela seja um pequeno embrião: “Nossa ideia é que no futuro, ela (ciclovia) se multiplique pela cidade juntamente com a requalificação das calçadas e as faixas elevadas, para que a cidade inteira seja circulável e de fácil acesso”, coloca Camila. 
Outro ponto fundamental destacado por elas é a Igreja Matriz, vista do eixo central do projeto. Por isso, em parceria com Laura Rotter, do Giz de Terra, estudaram o paisagismo para que, de nenhuma forma, a visão da Igreja fosse impedida. 
Júlia também destaca um ponto importante que são os espaços de estar: “Nosso objetivo foi entender a rua também como um espaço de permanência e não apenas de circulação”, destaca.
Poderão haver mudanças no projeto exigidas pela engenharia da prefeitura. Uma que já foi colocada, segundo elas, é o tipo de pedra usado na pavimentação, que deverá ser basalto (o paralélepido mais usado na cidade) no lugar dos pequenos blocos de concreto previstos anteriormente.

Antes
Depois

Valorização do pedestre em detrimento dos veículos 

Um dos pontos mais debatidos pelos comerciantes, segundo elas, foi o estacionamento. Porém, como a prefeitura já está adotando o sistema de vagas rotativas, acabaram decidindo diminuir as vagas, tendo espaços para carga e descarga, que era também uma das grandes preocupações. O projeto contempla algumas vagas posicionadas estrategicamente. “A valorização de fato, do projeto, é o pedestre. A ideia é que seja um espaço de estar, para as pessoas se encontrarem. O carro acaba se tornando um pouco intruso no espaço porque a ideia é valorizar mesmo os pedestres e ciclistas”, aponta Gabriela. 
Camila coloca que o grupo já previa que o projeto seria alvo de críticas, porque será uma grande mudança. “Temos uma cultura no Brasil, principalmente, muito ‘rodoviarista’, de depender muito do carro. Estávamos preparadas para receber críticas, porque acreditamos no novo urbanismo, que dê preferência ao pedestre e ao ciclista, e não mais ao carro”, afirma. 
As arquitetas acreditam em outra forma de valorizar o comércio que não seja através de vagas em frente ao estabelecimento, e sim, na circulação das pessoas. Elas apontam também que as ruas paralelas começarão a receber mais fluxo de veículos e a cidade tenderá a se expandir. 

Aspectos importantes: 

– A ciclovia possui curvas para que os ciclistas não andem em velocidade mais alta que o permitido, pois será um espaço com muita circulação de pedestres e cruzamentos;
– Os cabos da rede elétrica serão subterrâneos, o que é uma tendência atual e também estava previsto no edital; 
– Haverá iluminação nos dois lados, serão postes de alturas diferentes: os mais altos para a via em si e os menores para os pedestres, nas calçadas; 
– A altura em que as árvores serão plantadas será definida com o orçamento, mas com certeza serão menores do que na imagem, pois ela é uma projeção de futuro do projeto; 
– Não haverá mais rotatória; se o motorista estiver vindo sentido à igreja e resolver retornar à Júlio no outro sentido, só será possível se der a volta na quadra; 
– Haverá placas de sinalização e a ideia é que o trecho seja de trânsito lento; então, as pessoas que estão com pressa evitarão a Júlio e seguirão por vias paralelas; 
– A rua e calçadas estão no mesmo nível da praça, o que facilita a realização de eventos que iniciem em frente á Igreja e se estenderão pelo trecho revitalizado.

 

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