Falta de peças para carros impacta também nas oficinas

A indústria automobilística brasileira ainda não conseguiu se recuperar da crise iniciada pela pandemia de Covid-19. A falta de chips e peças nas montadoras de carro ainda é um dos principais problemas enfrentados pelo setor. Em 2021, segundo Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram 2,12 milhões de autoveículos produzidos, apenas 3% acima de 2020, 250 mil unidades a menos do que a previsão inicial. Para este ano, a expectativa da Associação era que fossem produzidos 2,46 milhões de veículos, mas a prevalência da falta de peças entre outros fatores, reduziu esse número para 2,34 milhões de unidades.

“Antigamente isso não acontecia, mas agora é bem comum”, comenta Hernani Conzatti, dono de uma oficina mecânica da zona norte de Porto Alegre. Durante a pandemia o negócio já havia sofrido alterações, agora com a falta de peças, ele teve que reorganizar o método de trabalho. “Quando não há peças a gente faz o reparo para que o carro continue funcionando sem prejuízo e depois de 10 a 15 dias o cliente retorna”, explica ele. Foi assim que ele fez com o cliente Maurício Milano, administrador de empresas e piloto de rali de carros clássicos.

Seu Pálio Adventure 2013 precisava trocar a mangueira do freio. Sem a peça no estoque, o mecânico fez os consertos que conseguiu e trocou as peças que tinha a disposição e liberou o carro para Maurício voltar depois de uns 15 dias. Na segunda-feira ele retornou e fez a troca que precisava. “Isso nunca tinha acontecido ainda bem que o Chico (como também é conhecido Hernani) fez o necessário pra eu não ficar sem o carro, preciso dele no meu dia-dia.” Ainda que não tenha ficado sem o carro Maurício notou o aumento no valor das peças. “Antigamente, pelo mesmo serviço, pagava a metade.”

Mesmo com a estratégia, às vezes não há o que fazer, os carros têm de ficar parado na oficina. Foi o caso de um golfe ano 2003 que veio para a revisão e acabou ficando. “Ele estava com problema na turbina que não tinha a peça pronta entrega, teve de ficar aqui”, explica. O dono da oficina também ressalta que os preços aumentaram. “Tudo ficou mais caro depois da pandemia”O dirigente da Federasul explica que houve aumento nos custos da importação e isso trouxe impactos principalmente no valor final.

“Um contêiner que custava mil e quinhentos dólares agora está em torno de 10 mil dólares, isso impacta em tudo que depende de insumos importados”. Para Rodrigo Velho a recuperação ainda será longa e poderá vir somente ano que vem. “Se nada acontecer é que a gente estima que a metade de 2023 uma normalização ocorra, mas isso sempre é variável.”

Fonte: Correio do povo

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