Quando Capoeiras virou Prata (e Nova Prata)

Conheça a história por trás do primeiro nome da localidade

O Rio Grande do Sul é farto em nomes insólitos para seus municípios, distritos, linhas, passos, capelas, picadas, vales e centenas de pequenas localidades do interior. As denominações podem ter origem geológica (Cerrito do Ouro), mineralógica (Cristal), botânica (Canela, Pinhal, Ipê, Butiá), zoológica (Anta Gorda), hidrográfica (Arroio dos Ratos, Vale Real), abstrata (Alvorada), além de advir de nomes próprios (Getúlio Vargas, Venâncio Aires, Júlio de Castilhos).

Entre todas essas origens, uma antiga localidade da Serra ganhou nome a partir de uma intempérie da natureza. Falamos de Capoeiras, denominação original do município de Nova Prata. Segundo a tradição oral, um violento ciclone destruiu, por volta de 1850, as matas existentes na região, reduzindo-as a um capoeirão – daí o nome do povoado que ali se formou.

Parte dessa história consta no histórico do município, disponível no site oficial www.novaprata.rs.gov.br. Segundo o texto, com o crescimento rápido de Capoeiras, a população começou a esperar com intensidade a emancipação política da localidade, à época pertencente a Alfredo Chaves (Veranópolis) _ o que se concretizou em 11 de agosto de 1924, ganhando um novo nome: “Prata”.

Outra mudança

O povoado foi batizado com o nome do rio que atravessa a cidade, porém, como já existia um município homônimo em Minas Gerais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística resolveu acrescentar, em 1945, o “Nova” ao município serrano.

Em 24 de agosto de 1932, foram anexados os distritos de Paraí, Nova Araçá e Protásio Alves, desmembrados do município de Lagoa Vermelha, que estiveram politicamente separados, mas sempre unidos pelas origens étnicas, culturais e históricas.

Já em 1948, são criados os distritos de Guabiju e São Jorge desmembrados do distrito de Paraí. Mais tarde, em 11 de agosto de 1961, foi criado novo distrito, Rio Branco – todos formando o “Grande Prata”, como a região ficou conhecida entre os historiadores.

As emancipações

A situação do Grande Prata, com seus 1.322 quilômetros quadrados, não durou muito tempo. De 1964 a 1965, três de seus distritos conquistaram autonomia, formando novos municípios: Nova Bassano, Nova Araçá e Paraí.

Em 20 de setembro de 1987, mais dois distritos foram às urnas e, num plebiscito, São Jorge e Guabiju emanciparam-se. Em 10 de abril de 1988, mais dois distritos: Vista Alegre e Protásio Alves. Já em 14 de dezembro de 2006, o distrito de Rio Branco passa a ser bairro de Nova Prata.

Origens em imagens

Nas imagens desta página, Nova Prata – ou melhor, Capoeiras – em pintura e foto, à época da emancipação, na década de 1920. A pintura, feita na Itália, integra o acervo do Museu Municipal Domingos Battistel e traz a identificação de Capoeiras ainda como segundo distrito de Alfredo Chaves (imagem que abre a matéria).

Imigração alemã: o resgate da memória cultural “da Feliz”

Já a foto acima retrata a festa de emancipação em 11 de agosto de 1924. Entre os presentes estavam, no centro, sentados, o intendente provisório de Alfredo Chaves, Sigismundo Resckhe (à direita) e, ao seu lado, o intendente do recém criado município de Prata, Félix Engel. A festa ocorreu no Hotel Central, o primeiro da localidade.

Em livro

O livro Origem dos Nomes dos Municípios Gaúchos e de seus Distritos, de autoria do professor Jacy Waldyr Fischer, é um precioso documento histórico sobre todas essas curiosidades. A publicação, de 322 páginas, pode ser adquirida diretamente com a Editora Diadorim por meio do endereço www.diadorimeditora.com.br. O valor é R$ 50.

Fonte: Pioneiro

Fotos: Acervos Museu Domingos Battistel e prefeitura municipal de Nova Prata 

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