Em coletiva de imprensa realizada na Delegacia de Polícia de Veranópolis, o Delegado Tiago Baldin esclareceu dois fatos registrados no município neste mês, um homicídio ocorrido no dia 02 de outubro e uma operação contra lavagem de dinheiro. Segundo ele, as duas operações tem ligação com o tráfico de drogas.
O delegado revelou detalhes sobre uma grande operação contra a lavagem de dinheiro, realizada no dia 4 de outubro. A ação contou com a participação da Polícia Civil, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul e da Polícia Civil de Santa Catarina. Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, resultando na prisão de 23 veículos e no bloqueio judicial de cerca de R$ 8,5 milhões, provenientes de crimes como tráfico de drogas, estelionato e outros delitos patrimoniais.
Baldin destacou que o principal objetivo da operação era “descapitalizar a organização criminosa” atuante em Veranópolis, Nova Prata, Cotiporã, Fagundes Varela e cidades vizinhas, além de localidades de Santa Catarina. Segundo ele, ao retirar os recursos financeiros desse grupo, a polícia enfraqueceu sua capacidade de aquisição de drogas, armas e aluguel de imóveis para dar continuidade às atividades ilícitas. Baldin sublinhou que “o tráfico de drogas é o maior problema social”, afirmando que 90% dos crimes na região estão ligados ao tráfico.
A operação, considerada um marco no combate ao crime organizado, foi dividida em quatro núcleos, sendo um em Santa Catarina e três no Rio Grande do Sul. Equipes da Força Tática de Bento Gonçalves e do Batalhão de Choque de Caxias do Sul também participaram da ação, com buscas realizadas em municípios como Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Farroupilha.
Movimento financeiro do crime
Durante a coletiva, o delegado explicou que a operação teve como foco o bloqueio dos recursos usados pela facção criminosa para “limpar” o dinheiro obtido com o tráfico de drogas e outros crimes. Em 12 meses de investigação, foi constatado que a organização movimentou mais de R$ 13 milhões, valor obtido por meio de atividades ilícitas e disfarçado como legal através de “laranjas”
“Lavar dinheiro significa recuperar recursos de origem ilegal e transformá-los em algo aparentemente lícito”, explicou Baldin. O grupo utilizou a compra de veículos, imóveis e investimentos financeiros para essa finalidade. A segunda fase da operação, deflagrada em outubro, aprofundou as investigações iniciadas em 2020, que, na primeira fase, focaram na estruturação da organização criminosa. Nesta segunda etapa, o alvo foi a lavagem de dinheiro.
Prisões e continuidade das investigações
Até o momento, dois suspeitos foram presos no âmbito da operação. No entanto, o delegado informou que a Polícia Civil havia solicitado 39 mandados de prisão preventiva, que foram negados pelo Judiciário. O Ministério Público, que apoiava as prisões, argumentou que manter os crimes em liberdade representava risco à sociedade, já que muitos crimes são orquestrados de dentro de instituições penais.
Apesar disso, a operação é considerada um sucesso pelas forças de segurança, com várias prisões em flagrante por posse ilegal de armas e recepção de bens roubados. “Nosso papel é investigar e apresentar as evidências ao Judiciário”, afirmou Baldin ao comentar a negativa das prisões.
Além disso, a Brigada Militar apreendeu três quilos de cocaína em Veranópolis durante a operação. O delegado destacou que essa quantidade, após ser misturada a outras substâncias, poderia gerar o dobro.
Próximos passos
O inquérito da operação de lavagem de dinheiro está em fase final, com os investigadores analisando as provas recolhidas nas buscas. O delegado informou que, embora não haja previsão de uma terceira fase da operação, novas ações poderão ser rompidas após a conclusão do inquérito para desmantelar a organização criminosa. “Nos próximos meses, enviaremos o inquérito ao Ministério Público, para que o processo siga seu curso”, concluiu o delegado.
Veja a coletiva completa: