Arquitetos veranenses se destacam em concurso nacional

A crise financeira instaurada nos mais diferentes campos de atuação devido à pandemia do COVID-19 fez com que muitas pessoas buscassem alternativas e soluções para o dia a dia. Muito tem se falado e investido para a superação desta crise, além da busca pelo bem-estar.  Entre os meses de julho e agosto deste ano, o CAU/RS (Conselho de arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul) com apoio institucional do ONU-Habitat, lançou o Concurso de Ideias “Casa Saudável – Cidade Saudável”, pois o órgão acredita na realização de concursos como uma forma democrática de identificar propostas de qualidade e que beneficiem a sociedade como um todo.  

Reunindo cinco categorias, estudantes e profissionais tinham o desafio de propor soluções arquitetônicas com diferentes temáticas, apresentando inovações tanto para os novos tempos de convívio em quarentena quanto pós quarentena, em novas formas de vivência que se farão necessárias para a vida urbana. Desta maneira, o CAU/RS consegue trazer ao traz o protagonismo, arquitetos e urbanistas, tornando-os agentes essenciais no desenvolvimento de soluções para uma sociedade mais saudável e segura. 

A premiação foi distribuída para cinco propostas de cada categoria, ou seja, 25 profissionais e 25 estudantes foram contemplados. A divulgação foi realizada em evento ao vivo na página do CAU/RS no Facebook, onde foram revelados os nomes dos responsáveis pelas propostas vencedoras. As categorias eram Cidade Saudável: planejamento, urbanização, mobilidade, saneamento, entre outros; Espaços Públicos: parques, praças, ruas, mobiliário urbano, entre outros; Equipamentos Públicos: saúde, ensino, cultura, entre outros; Trabalho Saudável: Ambiente de trabalho comercial, serviços ou industrial, sendo estes coletivos ou individuais; Casa Saudável: ATHIS, unifamiliar, condomínios verticais e horizontais, co-livings; home-office e outras modalidades de moradia individual ou coletiva.

Pensando no futuro

Dentre os participantes, estava a dupla veranense de arquitetos e urbanistas Joanna Peruffo e Eduardo Ciello, que foi premiada em duas categorias: Cidade Saudável com o projeto “Espaços verdes como acupuntura urbana em área de interesse social” e Espaços Públicos com o projeto “Parque linear em área de interesse social”.

Joanna formou-se em 2016 pela IMED Passo Fundo  é pós-graduanda em Arquitetura Hoteleira pela Universidade Roberto Miranda em São Paulo. Hoje é Assessora Técnica na Prefeitura de Veranópolis, atuando no Setor de Engenharia em projetos urbanísticos e de obras públicas desde 2017, além de estar à frente de seu escritório Joanna Peruffo Arquitetura onde desenvolve projetos de interiores e projetos residenciais. Eduardo é formado pela UCS e trabalha na área da arquitetura e engenharia há 10 anos. Hoje ele faz parte do quadro de funcionários no Setor de Engenharia da Prefeitura de Veranópolis desde 2014, além de ser cofundador do escritório Vista Arquitetura e Engenharia.

Desafiados a propor alternativas para arquitetura pós Coronavírus, eles passaram a observar melhor questões simples de higienização que não se tinha como costume no nosso dia-a-dia e que poderiam ser incorporadas nas nossas casas e espaços públicos. “Essa pandemia mudou o estilo de vida das pessoas e principalmente a forma como nos relacionamos com o meio ambiente que vivemos, seja na casa, no trabalho ou na cidade. Outro ponto que nos levou a reflexão foi como nós seres humanos necessitamos de espaços de convivência e lazer, para compartilhar nossas vidas, seja com amigos ou com a família, de uma forma segura e saudável.”, conta Joanna.

“Percebemos que a proposta do concurso se voltou principalmente para as áreas mais vulneráveis das cidades e como conhecemos a realidade desses locais em Veranópolis por trabalharmos na Prefeitura, resolvemos lançar um projeto de Parque Linear sobre a nova galeria de esgoto recém finalizada no Bairro Santo Antônio. Participamos em 3 categorias do Concurso: Casa Saudável – Habitação de interesse social, com o conceito de viver em vila, Cidade Saudável – Espaços verdes como acupuntura urbana em área de interesse social e Espaços Públicos – Parque Linear em área de interesse social, onde fomos premiados nas últimas duas categorias”, relata.

A arquiteta conta que a preocupação deles foi em desenvolver espaços para melhorar a higienização, iluminação (solar e artificial), ventilação, saneamento, segurança, “caminhabilidade” e integração com a cidade, levando em consideração projetos já desenvolvidos no município pela Secretaria de Assistência Social, Habitação e Longevidade como por exemplo o projeto  ‘Veranópolis Cidade Resiliente’, que enfatiza os dez objetivos de desenvolvimento sustentável instituídos pela ONU, afim de reduzir os riscos de desastres que fazem parte do desenho urbano e das estratégias para alcançar o desenvolvimento sustentável.

“Gostaríamos de enfatizar que o projeto que mais nos deixou empolgados em criar foi o Parque Linear, que visa a integração da comunidade com à cidade criando espaços de convivência pós COVID-19 e conectando com a mobilidade urbana com ciclovia e pista de caminhada, além de ser implantado sobre a principal rede de coleta de esgoto da cidade que foi toda reestruturada recentemente, assim, prevenindo a ocupação irregular desta área e catástrofes como alagamentos e outros. Um espaço público com uma problemática verdadeira no qual demonstramos as potencialidades daquele espaço, podendo ser transformado em uma área de cultura, arte e lazer para as famílias e principalmente para as crianças”, diz Eduardo.

Eduardo ressalta que o projeto é para um concurso de ideias e não será executado. Mas que foi criado com o objetivo de demonstrar as fraquezas dos espaços e poder transformá-los em potencialidade para a cidade buscando sustentabilidade, inovação e acima de tudo, espaços para compartilhar a vida com segurança.

“A premiação nos trouxe o maior orgulho o reconhecimento das nossas ideias, mas ficamos felizes principalmente por termos desenvolvido projetos para nossa cidade com uma temática tão complexa e em uma área vulnerável do município, áreas geralmente esquecidas. O concurso teve mais de 400 participantes de todo o Brasil, e ter 2 projetos premiados na nossa cidade demonstra como podemos ainda melhorar como sociedade, pensando em conjunto e criando uma cidade compartilhada e não segregada.”, comemora o arquiteto.

Tanto Eduardo quanto Joanna ressaltam o desejo de continuar tendo um olhar criativo sobre a cidade, buscando identificar suas potencialidades e suas necessidades afim de criar novos projetos que venham melhorar a vida das pessoas de todas as idades e classes sociais. “Todos nós vivemos na cidade e queremos uma cidade mais justa, segura e agradável para viver, no momento que pensamos em transformar espaços degradados através da arquitetura e urbanismo conseguimos mudar a vida de muitas pessoas”, finaliza Joanna.

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