Com negligência no distanciamento, municípios da Serra somam 46 mortes por covid-19 em uma semana

A troca de bandeira da Serra no Modelo de Distanciamento Controlado, de vermelha para laranja, no início de agosto começa a se refletir nas estatísticas. A região formada por 65 municípios registrou um disparo no número de mortes e ultrapassou a marca de 300 vítimas diagnosticadas com covid-19. 

Na terceira semana sob bandeira vermelha, entre 28 de julho a 3 de agosto, a região somou 38 mortes. Já no período entre 11 de agosto e a última segunda-feira, a segunda semana de bandeira laranja, o número de óbitos chegou a alarmantes 46. Metade dos casos se concentrou nas duas maiores cidades da Serra – Caxias do Sul com 14, e Bento Gonçalves com nove. Além disso, municípios que até então não tinham casos fatais da doença entraram para a lista, como São Jorge e Ipê.

As autoridades não atribuem o aumento no número de mortes à maior flexibilização nas regras de funcionamento do comércio. No entanto, é inegável que a troca de bandeira teve efeito no comportamento da população, com aumento na circulação e casos em que os protocolos de enfrentamento à pandemia foram completamente ignorados. 

Caxias não tinha registro de outra semana tão letal quanto à última.  O período entre 28 de julho e 3 de agosto (a terceira semana de bandeira vermelha) era, até então, o que concentrava o maior número de vítimas – foram nove. Na semana seguinte, de 4 a 10 de agosto (a primeira de bandeira laranja), caiu a seis e, agora, saltou para 14.

O secretário municipal da Saúde, Jorge Olavo Hahn Castro, admite que o número de mortes é o resultado do afrouxamento do isolamento social:

— É lamentável, mas esse número de mortes é reflexo do aumento do contágio, isso é inevitável. As contaminações não estão se dando tanto em locais de trabalho. O principal é a que a população está relaxando — afirma.

Para frear as contaminações e o consequente aumento no número de mortes, Castro afirma que a prefeitura tem investido na dispersão de aglomerações, como a da festa que reuniu cerca de 500 pessoas no interior do município no último fim de semana. 

— Isso é uma total falta de juízo. As pessoas precisam se conscientizar que a pandemia está a pleno e as regras de isolamento permanecem em qualquer bandeira. O que nós precisamos é colaboração — ressalta.

Bento se aproxima das 100 mortes

No início do período de bandeira laranja, o coordenador médico da Secretaria Municipal da Saúde de Bento Gonçalves, Marco Antônio Ebert temia que o relaxamento nos protocolos de distanciamento provocasse uma alta no número de mortes, que começava a se estabilizar. Embora a cidade se aproxime de triste e simbólica marca de 100 mortes relacionadas à covid-19, os números analisados a cada semana não aumentaram. 

No período de 28 de julho a 3 de agosto, Bento contabilizou 15 mortes por covid-19. Na semana seguinte o número caiu para sete e mais recentemente foi a nove. A estabilização reforça a tese do coordenador de que a cidade entrou antes na pandemia e, com isso, já enfrentou o pior momento.

— O que mudou (com a bandeira laranja) foi a desaceleração no ritmo de mortes. Esperávamos que pudesse haver uma piora, mas isso não se confirmou. Pelo menos é um alento, um indicativo de que estamos bem mais perto do fim, ou, pelo menos, de um período menos grave — projeta Ebert.

A disparada no número de mortes que a cidade viveu no mês passado parece ter surtido efeito na conscientização da população. Segundo Ebert, salvo exceções, a população entendeu a necessidade do distanciamento, do uso de máscara e da higienização, embora ainda seja necessário coibir aglomerações. 

— Não é mais uma questão de norma do governo, mas da sociedade que comprou a ideia. Ainda assim, precisamos enfrentar a questão do uso de espaços públicos por alguns grupos que não entendem que é necessário fazer isolamento — reconhece.

 

Fonte: Pioneiro

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