Bruna Begotto: Entre idas e vindas, o Vôlei

Ao contrário das atletas anteriores que estão iniciando uma trajetória no esporte, vamos conhecer a história de alguém que já foi atleta profissional fora do país, teve seus momentos de auge e momentos em que pensou que nunca mais iria voltar a jogar. 

Bruna Temes Begotto começou a praticar esportes com oito anos. Com o incentivo de seus pais, iniciou no basquete em Porto Alegre e, quando se mudou para Veranópolis, teve a oportunidade de iniciar a prática de vôlei onde estudava, no Colégio Regina Coeli. Muitos foram os campeonatos escolares em que seu time da escola se destacava na região. E em certo momento, a habilidade da atleta e de suas colegas foi notada por um treinador de uma equipe de Farroupilha, que disputava campeonatos estaduais. 

Sempre com o auxílio da professora de educação física e atleta de vôlei, Adriana Armelin Tedesco (mãe de Luna), as alunas seguiram adiante. Treinavam três vezes por semana em Farroupilha, com o apoio da prefeitura que garantia o transporte. Com o passar do tempo, diversas meninas foram desistindo, mas Bruna permaneceu. Com 15 anos, ela foi convidada para participar da Seleção Gaúcha: “era uma seletiva muito grande, tinha um treinamento intensivo de três meses em Porto Alegre. Eram 35 meninas e cada semana cortavam alguma. Até que sobravam as 12 que disputariam o Brasileiro; nesta seletiva, fiquei até as 15, sendo que era uma categoria acima da minha”, relatou. Um ano depois, ela participou do brasileiro pela Seleção Gaúcha, e como o time de Farroupilha fechou, ela conseguiu uma chance em um clube de Bento Gonçalves.

Essa época foi o auge da atleta, que treinava todos os dias para disputar inúmeros campeonatos pelo país. E no final deste importante ano, ela participou pela primeira vez da Seletiva da Seleção Brasileira. Apesar de não se classificar, teve uma grande experiência, treinando em Minas Gerais com os técnicos da Seleção, e ficando alojadas no Mineirinho. 

Na quadra, experiência com a Seleção Brasileira

Ela jogou em diversos times: em São Caetano, Joaçaba (SC) e Blumenau. Neste último, tinha bolsa atleta, então permaneceu por dois anos e meio, período em que concluiu a graduação em Educação Física. “Fazia muitas matérias para acelerar, eu recebia muitos convites de clubes, até internacionais, mas eu queria finalizar o curso”, conta. 

E, com 23 anos, ela se formou em agosto e dias depois da formatura partiu para a França, onde treinou por oito meses em um clube de Albi.   Depois de um período de férias em Veranópolis, Bruna foi treinar em um clube da Áustria, em Lins. 

Essas experiências internacionais são lembradas com muito carinho por Bruna. Ela conta que treinava duas vezes por dia e tinha jogos todos os sábados. Eram times profissionais, cada atleta ficava em um apartamento e tinham carteira assinada. Porém, nos primeiros meses, a maior dificuldade foi ficar longe da família, além de que a comunicação lá era complicada: “cheguei sem saber falar nada, nem inglês. Tive que aprender na marra, porque estava no meio de diversas culturas”, afirma. Umas das coisas importantes que ela destaca foi aprender a conviver com diferentes culturas e respeitá-las, assim como o conhecimento que adquiriu na área do esporte, analisando como são os treinos e as academias nos outros países, por exemplo. 

Bruna jogou quatro meses na Áustria, pois sofreu uma lesão muito grave no joelho. Como o período de recuperação iria demorar muito, ela optou por retornar à cidade natal e, então, começou a trabalhar em uma academia. O tempo foi passando e ela acabou permanecendo em Veranópolis, comprou uma academia, casou, teve dois filhos, e nesse meio tempo ficou cerca de 10 anos sem jogar vôlei. 

Mas, quis o destino que ela retornasse a praticar o esporte. Depois de sua segunda gravidez, ela enfrentou uma depressão bem forte e a forma que ela encontrou para se recuperar foi através do voleibol. “Busquei a cura naquilo que eu fiz a vida inteira, algo que me trouxe muita alegria. Faz um ano que voltei a jogar, agora jogo vôlei de areia, totalmente diferente. Comecei numa brincadeira, e hoje eu e minha dupla já estamos com patrocinador, projeto para jogar circuito do Brasil, estamos a mil”, relata.

Bruna e a sua dupla, Ketlin, começaram a jogar juntas na disputa do Campeonato Sesc de Vôlei, o mais renomado do estado. Elas estão se destacando em todas as competições que participam e, por isso, pensam em aumentar o nível, treinando mais vezes. Como elas moram em cidades diferentes, Veranópolis e Caxias do Sul, hoje treinam apenas uma vez por semana. 

Ao analisar toda a sua trajetória, Bruna afirma: “o esporte me trouxe muitos valores, mas os principais são: respeito e disciplina. Tudo isso que veio das quadras eu trouxe para a minha vida e para o meu trabalho”, afirma. 

Um dos fatos curiosos de sua vida como atleta é uma grande coincidência: “Quando eu tinha 15 anos, joguei uma temporada de vôlei de areia com a Adri, mãe da luna, e nós ganhamos todos. E no último campeonato, Adri descobriu que estava grávida da Luna e daí ela disse: ‘eu tenho trinta e você 15; de repente, quando tu tiver 30, vai jogar com minha filha’. E deu bem certo, fizemos um jogo simbólico, e eu, inclusive, estava grávida e a Luna jogou comigo. Agora, ficamos pensando: “Será que a Luna vai jogar com minha filha?”. 
 

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