Costura: “de um pedaço de pano, criamos uma obra de arte”

Um símbolo importante do tradicionalismo gaúcho são as vestimentas. Sem os profissionais da costura e sua dedicação caprichada, como seria o cultivo da tradição? A reportagem do Estafeta conversou com uma costureira, em Veranópolis que já costurou centenas de vestidos, e cada um deles tem muito significado para ela e para suas clientes. 

Lérida Balestrin tem 68 anos e costura há mais de 30. Trabalhou um tempo com a costureira Assunta Farina; depois, teve seus filhos e resolveu começar a costurar. Apesar de não ser tradicionalista, e nem sequer ter um vestido de prenda, Lérida já costurou muitos para invernadas do CTG Rincão da Roça Reúna e para inúmeras outras clientes. Mesmo sem ter cursos na área, Lérida foi aprendendo tudo o que sabe na prática. Lembra do primeiro vestido que costurou há cerca de 15 anos: “era cor de tijolo”; e depois dele, foram inúmeros. 

Cada um tem um significado, uma beleza, são usadas técnicas diferentes, desde os floreados, lisos, bordados, com flores aplicadas, até os mais simples e delicados. Ao longo do tempo, Lérida criou muitas relações de amizade com as clientes e suas filhas; algumas, acompanhou desde a infância até a idade adulta.  

A maior procura pelos vestidos é nessa época. O trabalho inicia com o corte das peças, onde são feitos cálculos e a organização dos materiais. Depois, ele é montado para a primeira prova, onde é definido o comprimento. Depois dessa é feita mais uma prova e, por fim, os acabamentos; é preciso ter muita paciência e delicadeza, segundo ela.

Alguns vestidos são mais simples e levam menos tempo; outros, dependendo dos detalhes e do tecido, são mais demorados. São usadas diferentes máquinas de costura, dependendo das técnicas utilizadas. Ela recorda que, tradicionalmente, os vestidos de prenda seriam mais simples, porém, hoje, há bastante modernização. 

Lérida tem consciência da importância do seu trabalho: “é satisfatório ver o efeito de um trabalho de muitas horas. Teve vestidos que fiz para prendas que estavam concorrendo e elas venceram. As mães mandam as fotos, é bom ver o trabalho reconhecido. De um pedaço de pano criamos uma obra de arte”, afirma. Clientes vem com a ideia, mas Lérida vai modificando, fazendo os ajustes.

Muitos laços de amizade foram criados em torno do CTG, são muitas lembranças, fotos guardadas. Inclusive, inúmeras vezes Lérida assistiu as apresentações de suas clientes. E além dos vestidos de prenda, costura vestidos de festa e faz ajustes. “Não tenho propaganda, nada, mas eu sempre tenho trabalho”, afirma. Quando ela fica um tempo sem costurar, sente muita falta deste trabalho de que gosta muito. 
 

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