Falta de produtos e elevação nos preços: o impacto da estiagem na Ceasa Serra

A estiagem que castiga cerca de 60% dos municípios do Estado repercute também na Ceasa Serra. A central de abastecimento, que reúne cerca de 300 agricultores, tem sofrido com a redução na oferta de alguns produtos. Além disso, o consumidor está pagando mais caro ao comprar os legumes, frutas e verduras.
Dados levantados pela própria Coordenação de Mercado da Ceasa mostram que o preço do repolho verde foi o que mais aumentou (504%), seguido pela vagem verde (156%) e a abobrinha italiana (100%). A reportagem fez a comparação entre os preços praticados de 12 de janeiro a 19 de janeiro de 2021 e 11 de janeiro a 18 de janeiro de 2022.
Esse aumento não é resultado apenas da estiagem, mas também do reajuste do preço dos insumos ao longo do ano passado. Porém, com a escassez de chuva, o problema se amplifica:
— Alguns (agricultores) já pararam de trazer mercadoria, porque afetou mais quem não tem condições de trabalhar com armazenamento de água — explica o gerente da Ceasa, Alceu Thomé.
Reposição de alguns produtos só em junho
O agricultor Alencar Deon, de Mato Perso, em Flores da Cunha, vende produtos na Ceasa desde 2007 e diz nunca ter visto uma situação como esta. Costumeiramente, nesta época, teria à disposição brócolis e couve-flor, além de outros vegetais, mas conta que agora só tem previsão de ter essas variedades à disposição novamente no meio do ano, quando prevê que os repositórios de água serão suficientes para o cultivo.
— O movimento do comprador é o mesmo, mas às vezes eles não encontram produto suficiente. Por exemplo, hoje, brócolis e couve-flor faltaram. Cenoura e beterraba também a gente vê que falta — explica.
Se estiagem persistir devem faltar mais produtos
Outros produtos listados como os que mais faltam são pimentão, alface, tomate e temperos. Como a previsão é de que fevereiro seja novamente um mês de escassez em temos de chuva, a perspectiva também não é boa para os agricultores e, consequentemente para os consumidores.
— Se continuar essa estiagem, vai faltar mercadoria, porque a coisa não está fácil. O sol é muito forte. Tu molha, mas mesmo assim, de tão forte que é o sol, ele chega a torrar a mercadoria. Ele queima o tomate no pé — exemplifica agricultor Maicon André Saccaro, de Lajeado Grande, em São Francisco de Paula, onde produz brócolis, couve-flor, cenoura e tomate.
Fonte: Pioneiro
Foto: Porthus Junior / Agência RBS
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