Moradores do bairro Femaçã relatam mau cheiro e pedem solução

Leitor d’O Estafeta enviou sua sugestão de pauta:
“Tenho uma reclamação: estamos seguidamente com um problema no bairro Femaçã: um forte cheiro de esterco. Isso acontece principalmente no verão. Recentemente, não havíamos mais percebido, mas, coincidentemente, na semana passada, antes da chuva, o cheiro foi identificado novamente. Até liguei para a Prefeitura notificando. Pelo que apuramos, o proprietário espalha esterco fresco e fede demais; ele faz isso um dia antes da chuva, porém, o vento espalha o cheiro pela cidade. O pessoal que trabalha numa empresa pediu para ir para rua pegar vento! Imagina um pavilhão abafado, num dia antes da chuva. É horrível o cheiro!”, declarou, o leitor. 

Denúncias de cheiro forte, característico de esterco (material orgânico em avançado estado de decomposição, utilizado como fertilizante e condicionador dos solos para melhoria das práticas agrícolas) são frequentes, principalmente no verão, segundo o Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente de Veranópolis, Romeo Mattielo Tedesco. O cheiro identificado pelos moradores no bairro Femaçã e outras partes da cidade já é reclamação que existe há algum tempo. Na última semana, mais um novo registro deste gênero foi feito na Prefeitura. 

O fato, provavelmente, está associado à atividade agrícola, pois existem plantações próximas. Normalmente, isso ocorre depois que adubo orgânico é espalhado nas lavouras. 

Segundo o Secretário, pelas plantações encontrarem-se em zona rural, de acordo com o Plano Diretor do município, a atividade é legal, ou seja, permitida. Porém, um cuidado que os proprietários devem ter é o de evitar aplicar “esterco” não curado, pois esse possui um cheiro muito mais forte. Além disso, os agricultores procuram fazer as aplicações antes de uma chuva para minimizar o impacto, porém, muitas vezes, a meteorologia não segue o previsto. 

A Fiscal do Meio Ambiente, Camila Marin, já notificou os proprietários, solicitando que atendessem aos cuidados, a fim de evitar o mau cheiro. Ela reforça também, que a aplicação de matéria orgânica em áreas urbanas é proibida desde 2017. Um dispositivo foi incluído no Código de Posturas do município, adequando essa normativa.
Romeo destaca que a Prefeitura fiscaliza e averigua as denúncias: “Se eles não usam adubo curado, podemos multar, porém, é preciso comprovar. Eles precisam adubar as terras, e pensando em meio ambiente é melhor usar o orgânico do que o químico, porém, aquele, demora para curar. O único problema é não curar, no resto, estão certos. Apenas o bom senso é necessário”, explica o Secretário. 

‘Urbano tem invadido o rural’

O Engenheiro Agrônomo da Emater, Valfredo Reali, afirma que situações como essa são comuns atualmente, uma vez que o território urbano está invadindo o rural, aproximando-se cada vez mais. Por isso, segundo ele, as pessoas que pensam em investir em áreas urbanas precisam fazer uma avaliação, um estudo, pois a atividade agrícola chegou muito antes da urbanização em determinados locais, o que faz com que hoje existam ilhas rurais dentro do perímetro urbano. 

 Entretanto, aspectos técnicos precisam ser levados em conta pelos produtores rurais: em criações de animais é exigido um sistema de coleta dos dejetos que passam por um processo de fermentação para, depois, serem usados como adubação orgânica. Destacando que o esterco “cru” não tem qualidade como adubo, diferentemente do curado.

Reali explica: “o esterco deve ser aglomerado em uma esterqueira, onde fará o processo de fermentação (cura) para depois ir para a lavoura. O próprio processo exala odores, e no momento em que a matéria é espalhada na lavoura, também há liberação de cheiro”.  Além disso, o agrônomo destaca que por ser uma adubação orgânica o odor é característico, não há como eliminá-lo completamente. Valfredo também ressalta que existem alguns produtos que podem ser colocados na esterqueira para minimizar o odor, porém, devido ao alto custo, a maioria dos produtores não utiliza. 

Valfredo conclui: “é necessário bom senso dos dois lados. O produtor precisa fazer a sua parte usando as técnicas corretas e o morador precisa fazer uma avaliação antes de investir em áreas próximas a propriedades rurais. Nós estamos invadindo o setor agrícola, portanto, na hora da liberação de loteamentos deve haver um estudo de impacto de vizinhança. Odores como esse são próprios do setor produtivo, setor primário”. 

Envie sua sugestão de pauta para o WhatsApp: (54) 99693.4767;
ligue para 3441.4767 ou envie e-mail para 
[email protected].

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

error: Conteúdo bloqueado.