Pioneirismo enraizado na história veranense

A variedade de maçã José Bin, que garantiu o reconhecimento a Veranópolis de Berço Nacional da Maçã, ainda é cultivada nas terras veranenses, mantendo viva a história. O maior produtor de maçã da cidade, Paulo Maragno, optou por manter a variedade mesmo que ela não tenha mercado atualmente. 

Variedade José Bin

“Precisamos manter viva a nossa história. Mesmo que a variedade José Bin seja considerada comum hoje, não podemos desprezá-la, pois foi ela que trouxe para Veranópolis o título de Berço Nacional da Maçã e nos trouxe a nossa maior festa, a Festa Nacional da Maçã”, destaca o produtor.  
Em 1965, ano em que ocorreu a primeira Femaçã, a variedade José Bin era a mais produzida na nossa região, que se destacava com o volume de frutas produzidas, maior que Vacaria e São Joaquim, maiores produtores da fruta nos dias de hoje. 

 

 

O cultivo no passado e no presente

Hoje, em Veranópolis, são 22 famílias que produzem maçã, sendo que antigamente eram mais de 50. A diminuição se deu devido às mudanças e dificuldades do cultivo. Maragno possui 70 hectares da fruta em Veranópolis, onde cultiva predominantemente a variedade Eva, além de Gala e Fugi. Também possui plantações em Vacaria: são 28 hectares, de Gala na maior parte, e Fugi.
“Nessa atividade só sobrevive quem produz muito, pois o valor agregado é considerado baixo comparando-o ao custo de produção, que é muito alto”, relata Maragno. 
Ainda, de acordo com ele, para produzir um hectare de maçã, atualmente, o gasto gira em torno de R$ 100 mil; entre mudas, estrutura e manutenção nos primeiros anos, até atingir a produção total. 
Em relação ao passado, muitas foram as mudanças, desde o tamanho das plantas, utilização de menos agrotóxicos, até às tecnologias nas variedades  
“Buscamos variedades novas da Itália e Chile, plantas geneticamente modificadas, com menor tamanho de árvore e maior frutificação, para ter-se em menor área maior quantidade de frutos. Diferentemente do passado, prezamos a gema da fruta e não a madeira”, coloca. 
Segundo o Engenheiro Agrônomo da Emater, Valfredo Reali, a qualidade das maçãs produzidas em Veranópolis, com as novas variedades utilizadas, não deixa a desejar em relação aos municípios com maior expressão na produtividade. “Nossos produtores acompanham a tecnologia, adensamento de pomares, com isso, nossa produtividade chega tranquilamente a 50 toneladas por hectare ou até mais”, destaca. 

 

Do início tímido à produção em grande escala

 

Hoje, a empresa de Paulo Maragno produz cinco mil toneladas de maçã a cada safra. Ele iniciou o cultivo da fruta pois a comercializava. Teve interesse na produção e decidiu iniciar: “Gostei da forma como se trabalha com a fruta, nos adequamos ao processo e hoje somos um dos maiores produtores de maçã”, afirma. 
A cada ano, ele amplia as áreas de cultivo, e principalmente erradica áreas fracas, colocando árvores novas visando maior produtividade
 

 

O clima

 

A maçã é uma fruta que necessita de horas de frio, por isso os melhores locais para produzi-la são: Urubici, São Joaquim; Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina; Bom Jesus, São José dos Ausentes e Vacaria, no Rio Grande do Sul. “Variedades como a Eva só são produzidas na nossa região – Veranópolis, Caxias do Sul e Antônio Prado –  pois exige menor número de horas de frio se comparada a outras variedades.  

 

Exposição na Femaçã

 

Na Festa Nacional da Maçã, estão expostas as 19 variedades da fruta produzidas no município. “Todas estarão expostas com o nome dos seus produtores,  homenageando-os pelo pioneirismo da maçã, pela luta que tiveram e pela insistência em cultivar maçãs aqui, no município”. 
Segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Cristiano Valduga Dal Pai, o principal ponto para o município é o pioneirismo no plantio. “Somos o primeiro no Brasil, isso não perderemos nunca. A Femaçã é nossa e está enraizada em nosso município, estado e país, por causa desse pioneirismo”. 

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