Marcos Antônio Girotto, 38 anos e, no ano passado, no dia 19 de maio, sobreviveu há um terrível acidente na Rota do Sol. Ele estava indo para Torres a uma reunião com clientes de sua fábrica de móveis.
Hoje, ele ainda não se recuperou 100%, ainda está em tratamento, fazendo fisioterapia e usando muletas. “A parte boa disso tudo é que tenho uma visão positiva do futuro. Vou voltar a caminhar normalmente apesar do meu acidente, que foi bem complicado. Tenho uma luz no fim do túnel, vou voltar a fazer todas as atividades que fazia antes”, afirma.
Agora, ele diz que dá mais valor à vida, aos pequenos momentos, ao convívio com familiares e amigos. “A situação me deixou muito triste, desanimado, sentia e ainda sinto bastante dor. Mas já estou voltando e dou mais ênfase a certas coisas que, no cotidiano, na correria, acabamos deixando de lado; nasci de novo e aprendi muito”, relata.
O que ele recorda daquele dia era que tinha uma reunião às 9h da manhã. Saiu de Veranópolis às 4h30min da madrugada. “Era um dia frio, com cerração, chuva; sai devagar porque queria parar no caminho e tomar um café na Rota do Sol. Eu ia nessa reunião e depois iria voltar, porque à noite tinha o Festival de Chopp na Pompéia. Sai daqui e estava passando por lá, no Parador, em Caxias do Sul, e um ônibus, no sentido contrário, estava no acostamento e entrou. Batemos de frente, eu fui arremessado para o outro lado, fiquei preso nas ferragens. Depois, fui levado ao hospital, estava muito mal: quebrei as costelas, foi tirada uma parte do intestino, fêmur e mão quebrada, além de cortes na cabeça”, conta.
Felizmente, ele estava sozinho; era para sua namorada ir junto, como de costume, mas ela tinha um compromisso. Além disso, convidou alguns amigos que, por um motivo ou outro, não puderam. “Nesse sentido acabo percebendo que era o destino, não era para ninguém ir comigo”, conclui.
Os passageiros e condutor do ônibus não se feriram. O período no hospital foi ruim, era muito frio, mas ele foi bem atendido por todos, recebeu apoio da família, namorada e amigos.
Contabilizando as etapas, no total, ficou mais de 100 dias hospitalizado entre Veranópolis e Caxias do Sul. Em março deste ano, precisou fazer uma cirurgia, pois teve infecção na perna, rejeição da placa. Agora, ele faz tratamento com antibióticos para combater essa infecção para, depois, normalizar as outras situações: joelho e fêmur. O uso das muletas será dispensado nesse ano, ao que tudo indica.
Marcos é proprietário de uma empresa de móveis sob medida e de fabricação de cadeiras e mesas. Nessa parte empresarial, ele diz ter contado muito com o apoio dos seus funcionários. “Eles abraçaram a situação, continuaram trabalhando. Conforme conseguia, resolvia coisas por telefone, pois no início nem conseguia falar direto. Demorei cerca de 60 dias para conseguir me comunicar e pensar nas coisas”, diz.
Daquele dia, ele lembra do ônibus e recorda: “quando estava preso às ferragens, uma mulher de Caxias do Sul que passou na hora tirou uma coberta em que a filha estava enrolada e pôs em cima de mim, na camionete, pois até o teto foi quebrado e tinha chuva e frio; então ela me protegeu, pois eu estava começando a ter hipotermia; precisei fazer transfusão de sangue e cirurgias quando fui ao hospital”.
Muitas foram as marcas, uma delas é a de sempre estar atento não só dirigindo, mas trabalhando, se divertindo. As marcas positivas foram que o tempo o fez pensar muito: “Em começar a prestar mais atenção nas coisas no nosso dia a dia, que normalmente é agitado demais. Foi como se eu fizesse uma faculdade, pós-graduação e mestrado na minha vida, pois acabei revendo toda a minha história, valorizando todos os momentos. O fato de conseguir ver teus familiares, namorada, amigos, pessoas que oraram por mim, torceram. Isso é muito importante e me marcou, porque me senti valorizado”, destaca.
Ele começou a enxergar a vida diferente, reparar num céu azul, em pequenos detalhes. Agora, ele comemora o 19 de maio como o seu segundo aniversário, foi uma nova chance de viver. Por isso, nesse dia, assim como em todos os outros, ele agradece por estar vivo.
Aos poucos, ele está voltando à ativa. No mês passado, sua empresa expôs na Femaçã, o que foi um grande desafio. “Apesar de tudo o que aconteceu, estou alavancando os negócios da minha empresa, quero expandi-la, e para isso cada cliente e visitante é uma sementinha que está sendo plantada. Tive essa força de vontade, pois se tivesse me deprimido iria ser muito pior. Mesmo se não tiver a luz no fim do túnel, precisamos torcer que ela vai chegar”, conclui.
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