Em Nova Prata, projeto voluntário garante companhia a idosos por telefone

A reclusão tem sido realidade para muitos idosos que precisam ficar isolados como forma de prevenção ao contágio por coronavírus. Os passeios na praça, encontros com a vizinhança e outras atividades que antes eram comuns a muitos moradores de Nova Prata, agora fazem falta. 

Pensando em preencher a lacuna da socialização que afeta inúmeras pessoas da terceira idade, a Parceiros Voluntários criou o “Projeto Ouvir” e, desde meados de maio, têm feito a ponte entre voluntários e idosos. Ao todo, 12 pessoas já fazem parte do projeto: cinco idosos e oito voluntários, sendo dois em lista de espera.

A iniciativa propõe uma aproximação, mesmo que ela ocorra apenas pela voz, servindo de exemplo para unidades de outros municípios e com tendência de perdurar mesmo após o fim da pandemia.

— Os voluntários e os idosos estão criando um forte vínculo de amizade. Posteriormente, quando tudo isso passar, pretendemos reunir todos, voluntários e idosos, para um chá de confraternização — comemora Anamaria Rigo, coordenadora da Parceiros Voluntários de Nova Prata.

Ela explica que, com autorização dos familiares, o idoso é informado de que o voluntário entrará em contato nos dias e horários previamente acordados. Cada voluntário atende a um idoso, por telefone fixo ou celular, em uma interação que não exige nada mais do que uma simples conversa.

— A gente fala sobre os filhos, sobre a situação que a gente está em casa, trocamos umas palavras para passar o tempo — relata dona Graciosa Thereza Lopes, 83, uma das participantes do projeto.

Mesmo com uma grande família — três filhos, sete netos e três bisnetos — o isolamento mantido para segurança dela faz com que os encontros presenciais sejam mais raros. A idosa, que ficou viúva sete anos após seu primeiro casamento, vive com um de seus filhos, portador de necessidades especiais, que sempre contou com os cuidados da mãe. Dona Graciosa diz que já costumava ficar em casa em função dele, mas que agora sente falta de momentos como as visitas às vizinhas e os encontros com seus familiares, que estão mais restritos.

Desde o dia 17 de junho, a falta dos encontros vem sendo suprida por telefone, todos os dias. Ligações que variam de 10 a 25 minutos, fazem parte do acordo firmado entre Graciosa e a voluntária Sinara Zampieron, 36. A psicóloga conta que ficou sabendo do projeto pelas redes sociais e inscreveu-se para participar.

— Me interessei porque eu também estou em isolamento, também estou sentindo o que é estar isolada — relata Sinara, que está trabalhando em casa, uma vez que a escola infantil onde ela trabalha está fechada desde o dia 20 de março.

Mesmo com a companhia do filho, de três anos, e do marido — que está trabalhando fora —, ela considera os encontros telefônicos com dona Graciosa uma verdadeira troca. Na mesma cidade, só que em bairros diferentes, as mulheres que antes nem se conheciam, agora compartilham histórias e se divertem juntas. Carinhosamente, Sinara até já chama sua nova amiga de “vó”.

— Estou aprendendo muito. É bom estar em contato com ela, porque mesmo sem nos conhecermos, imagino ela parecida com minha avó: guerreira, com experiências de vida que são muito boas de ouvir. Os idosos tem histórias de vivência que acho muito interessante. Definitivamente, não são só eles que são ajudados — afirma a voluntária.

Sinara diz que os conhecimentos na área da psicologia são úteis, mas não fundamentais para a participação no projeto, que pode ser aderido por qualquer pessoa que esteja interessada em disponibilizar alguns minutos do dia, ou até da semana, apenas para conversar. Além disso, tanto ela quanto dona Graciosa garantem que a amizade construida ao longo destes menos de dez dias, deverá ser mantida, mesmo após a pandemia, quando ambas querem se encontrar pessoalmente.

Mais informações sobre o Projeto Ouvir podem ser obtidas pelo telefone (54) 3242-1264. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h.

Fonte: O Pioneiro

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