Conheça a história de Ailana, ela teve uma nova chance de viver

Muitos acontecimentos tem tudo para acabar mal, destruir sonhos e entristecer famílias. Porém, algumas vezes, eles ensinam, eles tornam possível o renascimento! Em clima de Natal, época do ano que mesmo que tenha o apelo consumista tem um significado especial de união de famílias, manifestação de sentimentos, e agradecimento… A história da Ailana Ciotto pode mudar seu jeito de ver a vida! 
Na correria diária, pouco tempo ela conseguia destinar à família e amigos. A rotina de aula e trabalho se tornava desgastante. É assim que a jovem veranense, estudante de Psicologia, de 20 anos, definia seu dia a dia antes de um acontecimento, que mudou sua vida e ensinou muitas lições. “Foi no dia 12 de maio deste ano. Estávamos, eu e meu ex-namorado, voltando de uma formatura em Nova Prata”, relata. 
Durante a cerimônia, por coincidência ou não, Ailana pensava na volta daquele evento, se todos iriam chegar bem, nas suas casas, com suas famílias. Depois da janta e festa, por volta das 4h, eles estavam retornando a Veranópolis. E logo depois que Ailana trocou a música, optando por “Tempo perdido” do Legião Urbana, a fatalidade aconteceu. “Foi numa curva, próximo à Vila Flores; eu vi que um carro vinha na nossa direção. Tentamos sair do caminho. Mas não deu tempo! Bateu justamente em mim!”, com lágrimas, conta. Ailana teve gravíssimos ferimentos, mas o condutor do outro veículo, Leandro Barbosa, jovem de 19 anos, faleceu no local. 
O medo, o pânico e a dificuldade em respirar definem os momentos seguintes à colisão. Ailana estava com muitas fraturas, por isso, os policiais não queriam tirá-la do veículo. Porém, o outro carro começou a incendiar. Então, um amigo do jovem que faleceu, a carregou para fora. “O outro carro podia explodir, muitas pessoas estavam lá, eu as ouvia, lembro de tudo!”, afirma. 
Após ser encaminhada ao Hospital São João Batista, de Nova Prata, foi constatado que Ailana havia fraturado: o braço direito, duas costelas, o maxilar, os dentes, a região em cima do olho, o rosto, o nariz, a língua estava dividida pela metade, tinha um corte desde a bochecha até o queixo, a o pulmão, intestino e diafragma estavam perfurados, a bacia fraturada além do joelho direito, as duas pernas, duas tíbias, duas fíbulas, dois tornozelos e o pé direito. Ela precisava ser encaminhada para a UTI de Bento Gonçalves, porém, a demora para a autorização foi de nove horas. Por esses e outros fatos, que a mãe Carmem, diz: “Deus existe lá em cima, e Ele é poderoso!”. 

 

“Seja positivo”

No total, até o momento, foram dez cirurgias, 31 dias no hospital, e destes, 15, na UTI. Ailana teve três paradas cardiorrespiratórias, uma delas no caminho até Bento Gonçalves e as outras duas no hospital. A mãe, assim como o pai, Airton, a irmã, Laina, e o cunhado Natanael, sempre esteve ao lado de Ailana. Assim que ela chegou à UTI, os médicos salientaram que as chances de vida eram poucas. Mas Ailana lutou, dia após dia, procedimento após procedimento, com muitas dificuldades, sim, mas como ela diz: “todas foram superadas e o que fica é o aprendizado, as partes boas de tudo isso!”. 
Frases como: “ela é fraquinha, não vai durar muitos dias”, eram ouvidas por Ailana durante a internação. No mesmo quarto, viu duas pessoas partirem, viu as despedidas, e pensava: “será que a minha vez vai chegar?”. Por conta das fraturas e de estar entubada, Ailana não podia falar, só pensar e escutar, e isso era dolorido. A mãe, ainda guarda um papel, em que, com dificuldade, Ailana escreveu: “fica comigo hoje de noite?”, nos primeiros dias de internação.
Os pensamentos negativos muitas vezes prevaleciam, mas ela percebeu o momento em que precisava se reerguer, pois estava viva e precisava continuar na luta. “Eu usava os pequenos prazeres para me reanimar como os momentos em que minha mãe e irmã vinham me visitar”, ressalta. 
Todas as reclamações diárias e estresses não eram mais problema. E a saudades, segundo Ailana, não era de bens materiais, mas sim de estar em casa com sua família, com seus amigos: “isso é o que realmente importa, o que está pertinho de nós e que, muitas vezes, não percebemos”, destaca. No hospital, ela percebeu que para muitas pessoas, a situação estava pior, e apesar das inúmeras dificuldades, como o fato de estar entubada, troca de curativos, as centenas de pontos e todas as sondas, drenos e cateteres pendurados nela, a cada dia, existia uma nova reação. E foi isso, juntamente com a sua fé e a de sua família que permitiu a vida! “Em muitas cirurgias, era como se Deus estivesse comigo. Eu sabia o que os médicos estavam fazendo, e em uma delas que eu tive uma parada cardíaca, eu senti. Enxerguei uma luz, ouvia alguém falando coisas lindas e ao escutar isso, era como se meu coração tivesse sido colocado de volta. Não se de onde isso vem, é um mistério para mim, mas me ajudou muito”, conta. 
Depois da saída do hospital, muita coisa melhorou, mas novas dificuldades surgiram. Com o apoio total da família e o otimismo, Ailana superou todos os desafios: “o pai me carregava para as consultas, a mãe me dava comida porque eu estava com o braço fraturado, eles me ajudaram e ainda me ajudam muito.”, conta. Encontrar o lado bom em todas as coisas é uma característica de Ailana, que na recuperação se animava seja com as idas ao médico, programas de TV, o café da tarde com a mãe, noites com a irmã e o tempo com a família. Os agradecimentos eram diários. A mãe conta que ela dormiu junto com a filha, de mãos dadas, por um mês, e todas as noites, Ailana rezava com suas palavras, agradecia cada pequena melhora e a todo o apoio que recebeu no período da recuperação. 
A última cirurgia foi no início de dezembro, segundo Ailana, agora faltam apenas “ajustes”. Em Passo Fundo, os médicos corrigiram a deformidade na perna direita, e ela precisará ficar com fixadores por seis meses a um ano, de acordo com ela, “serão seis meses. Os próximos passos serão: a retirada dos fixadores, operar o pé direito, o nariz e a questão dos dentes que é um processo mais longo.  
Agora, mãe e filha passam muito tempo juntas e aproveitam cada momento, assim como a irmã Laina, que para Ailana é como se fosse uma segunda mãe. “Somos mais unidos, um ajuda o outro em todas as situações”, conta. 

 

Lições de vida

Ailana não se revolta com o que aconteceu, mas sim, leva os ensinamentos. Dentre as lições que ela aprendeu e busca passar a todos, estão: “aparência não é nada, o que vale é o que somos por dentro; a família é o mais importante, não somos nada sem ela; trate todas as pessoas com respeito; viva uma vida leve, não se sobrecarregue; e acima de tudo, agradeça!”, aconselha. 
A jovem, que segundo os médicos “foi para o céu e voltou”, nas palavras da mãe, “tem uma grande missão aqui”. Ailana sempre foi de auxiliar o próximo e agora, os planos são ainda maiores. Ela finalizou o semestre que foi interrompido após o acidente e já se matriculou em cadeiras EAD para o próximo. “Pra mim, agora é só alegria, cada dia foi uma vitória e muitos foram os aprendizados”, conclui. 

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