Paixão Pentacolor: “Nunca esperávamos que chegasse a tanto”

O Veranópolis Esporte Clube Recreativo e Cultural foi fundado em 15 de janeiro de 1992, numa fusão entre o Clube Atlético Veranense e o Grêmio Esportivo e Cultural Dalban, dois clubes semiprofissionais da cidade. Alindo Giusti, que teve uma participação grande na comunidade em diversas entidades, foi primordial na criação do VEC. Ele acreditou que na ruptura de rivalidade poderia nascer um Clube que seria amado por todos os veranenses, sem distinções.  
No passado, já havia ocorrido a união entre os dois times, o que permaneceu apenas por alguns meses; a junção fracassou por diversos motivos. E foi em 1991 que o assunto voltou a ser debatido pela cidade. Na época, Alindo havia retornado a Veranópolis – ele residiu fora da cidade por 35 anos. E, certo dia, ele recebeu o convite do prefeito Leonir Farina, para ser o presidente do novo Clube. No gabinete, foi realizada reunião com Alindo e os atuais presidentes dos dois rivais: Edir e Paulo Guzzo, juntamente com Dinal Waldemarca. 
Uma das maiores difi-culdades dessa união era a escolha de um nome que agradasse o Veranense e o Dalban. Alindo era Dalbanista de coração, mas, na sua juventude, participou do Veranense como jogador; sendo assim, ambas direções aceitaram o seu nome. 
Superando rivalidades e com esperança em uma união saudável, Giusti aceitou o convite. Porém, a parte mais complicada foi a aceitação da comunidade. Os primeiros passos do recém-nascido VEC foram marcados por muita dificuldade. “Os obstáculos que encontramos existiram por causa das famílias tradicionais que viveram uma vida inteira para os dois clubes naquela rivalidade que chegava muitas vezes até à raiva e ao ódio. Era possível observar isso nos jogos clássicos, Dalban e Veranense, um verdadeiro absurdo”, coloca. Por isso, a união precisou ser muito bem trabalhada para que o VEC realmente pudesse existir. 

O VEC acima de tudo
A escolha da direção foi feita por Alindo, que buscou terminar com a rivalidade, colocando para cada cargo, uma pessoa do Dalban e uma do Veranense, uma do MDB e outra da Arena, pois, além de rivalidade no futebol, existia muita rivalidade política na época. “Ideologia, religião, raça, nunca foi permitido que se comentasse algo, o Veranópolis estava acima de tudo!”, com orgulho afirma. 

O nascimento do pentacolor 
Importante característica do VEC, as cinco cores, foram escolhidas após muita reflexão, pensaram realmente em tudo. Foi no gabinete do prefeito que a decisão aconteceu, Alindo conta o passo a passo da escolha: “Branco todos concordaram, verde do Dalban, também. O problema surgiu com as cores azul e vermelho do Veranense, pois estavam relacionados com Grêmio e Inter e isso precisava ser pensado. O Leonir falou vamos colocar as duas, então fecharam quatro cores. Eu olhei para trás e vi a bandeira da cidade de Veranópolis, que era amarela. E disse, bom Leonir, já que tem quatro, colocamos cinco”, disse. 
O distintivo utilizado até hoje foi criado por César Gotardo. Alindo conta que havia pedido para diversas pessoas da cidade desenharem opções de distintivos e camisas usando as cinco cores. Foram desenhados diversos distintivos, porém Alindo, ao ver o desenho de César, teve a certeza de que aquele seria o escolhido. Na sequência, começaram a ser pensadas as camisas de jogo, que já foram de diversos modelos e cores e, segundo Alindo, todas foram de bom gosto.
E assim iniciou o VEC: os dois clubes doaram tudo, ternos de camisas usadas para treino, e, até mesmo valores que estavam no caixa auxiliaram nas primeiras contratações. Os dois campos foram doados à Prefeitura Municipal para que o clube pudesse contar também com o apoio do poder público, bem como, acabar com a ideia de Dalban x Veranense. O atual Estádio Municipal Antônio David Farina, era do Dalban, porém, parte dele ainda era propriedade de Antonio David Farina, e em um ato de muita sensibilidade, de acordo com Giusti, ele doou os seus 40%. E o Estádio Municipal Alsemiro Laurino Guzzo, era utilizado pelo Veranense, e hoje, é o local de treinamento do pentacolor. 
O primeiro campeonato foi disputado no ADF, o segundo na Palugana e depois, após as reformas, as disputas sempre foram realizadas no mesmo estádio, o ADF. 

Receita do sucesso
O sucesso do VEC, que con-quistou em 1993, seu segundo ano de existência a Primeira Divisão do Gauchão, posto que ocupa até hoje, existe graças ao trabalho magnífico de todas as diretorias e comissões técnicas que o assumiram. “Tivemos a felicidade de sermos formados por homens dignos e capazes para nos conduzir até hoje na primeira divisão,  termos um lugar e sermos reconhecidos tanto no Estado como no Brasil”, afirma ele.  Alindo coloca também que é um orgulho o VEC se manter na Série A do Gauchão, tendo em vista que Clubes de cidades com poder econômico muito maior não tem essa conquista. 
Após elogiar as diretorias, Alindo elogia e agradece ao povo, que sempre par-ticipou, contribuindo com inúmeras rifas no início da criação, o que auxiliou muito. Além disso, à torcida, pois hoje não existe rivalidade, a torcida é para um só, o querido VEC.
A colaboração vinha até de municípios vizinhos, de empresas, fruteiros, que doavam valores mensalmente. “Houve uma colaboração de toda a cidade e até da região, que acabou aceitando o VEC, e isso se deu muito devido às vitórias e a projeção do clube”, coloca. 
Agradecimentos não fal-tam, pois só com muita união e comprometimento, o sonho foi realizado. Duas pessoas que, para Giusti, foram as principais responsáveis para que o clube se tornasse realidade são Leonir Farina, que como Prefeito auxiliou em tudo que pode, e Antônio David Farina, pela doação de sua parte no campo. Além deles, centenas de pessoas colaboraram, tais como Ivo Perachi, Edegar, Ezenir e Atolini.
“Nunca esperávamos que chegasse a tanto!”, orgulhoso afirma o primeiro Presidente do Veranópolis Esporte Clube. 

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