A escola entre histórias e memórias

Rosângela Jardim – mestre em Educação e diretora do Senac Bento Gonçalves

No dia 15 de março, celebra-se o Dia da Escola, uma data comemorativa que busca reforçar a importância da escola e a sua contribuição no processo de emancipação do sujeito, sendo essa, ainda, pouco difundida. Historicamente, a escola foi introduzida no Brasil durante o período colonial, quando os jesuítas iniciaram a catequização dos indígenas, garantindo a “transformação cultural e a “civilização” dos mesmos. Assim, a escola nasce como um lugar, um espaço onde sujeitos foram obrigados a serem ensinados, em especial sobre uma outra cultura, e, dessa forma, de modo aparentemente simples e complexo, constitui-se a escola.

A escola, desde seus primórdios, constrói-se e transforma-se mediante relações sociais compostas por esferas culturais, políticas e econômicas, deixando de ser apenas um espaço para ler e escrever. Mas, antes disso, um lugar com histórias, que se dedica ao compromisso de desenvolver criticidade, valores e conceitos aliados ao desenvolvimento de cidadãos, a qual ganha adjacências e maneiras de atuar, de sistematizar e de transformar o ensinar e o aprender. Mudou o mundo, mudou o sujeito, mudou a história, mas desde quando a escola mudou?

A história preocupa-se com a explicação sobre o mundo, ela é reescrita ao longo das gerações, que elaboram novos contextos e projetos para o presente e para o futuro, produzindo memórias. Nesse sentido, quais são as memórias, coletivas ou individuais que estamos tecendo acerca da escola? Quais são as mudanças que efetivamente estão sendo construídas?

No mês de fevereiro desse ano, foram divulgados os resultados da primeira etapa do Censo Escolar, e assuntos como educação especial, taxas de repetência, evasão, acesso à internet e a queda de matrículas no ensino médio ainda são preocupantes e frequentes. E o que a história nos demonstra em relação a isso? Adequar o aprendizado e investir na formação docente são assuntos recursivos. Quem sabe possamos investir mais tempo discutindo o espaço escolar que estamos e efetivamente partindo do pressuposto de qual é o lugar que a escola ocupa na história e na memória dos sujeitos.

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