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Medo! Muito medo!

Essa é a triste realidade de muitas crianças e adolescentes vítimas de abusos, exploração e violência. Um dado cruel: 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes. Estamos ocupando, vergonhosamente, o segundo lugar no mundo no ranking com casos de explorações sexuais de crianças e adolescentes. Foram 175 mil casos entre 2012 e 2016 (sem contar
os que não ficamos sabendo).

A sexualidade é algo do ser humano que deve se desenvolver ao natural, conforme as fases da vida vão aparecendo. Ao ser violada, a vítima fica afetada gravemente, principalmente quando se trata de uma criança ou adolescente, já que são mais vulneráveis, muitas vezes com pouca clareza para distinguir, ou pouca maturidade para identificar e pedir ajuda para enfrentar uma situação de violência. Os dados são alarmantes. E não vemos uma grande discussão pública nesse ponto. Há pouco engajamento, parecendo um tabu a ser quebrado. Na própria escola, é difícil vermos debates sobre o tema.

18 de Maio

https://www.youtube.com/watch?v=IfDLx5i_kNA

Em 2017 foram mais de 84 mil casos no Brasil, recebidos pelo Disque 100. Negligência, violência psicológica e violência sexual são denunciados a todo momento. Dentro do item “violência sexual”, temos dois tipos de violações: o abuso e a exploração. E qual é a diferença? Pois bem. O abuso ocorre quando é voltado para a satisfação dos desejos, sem fins comerciais. Já a violência, é voltada à mercantilização, parte financeira e muitas vezes ligada a redes criminosas. As causas são várias: sociais, culturais e econômicas. Os agressores em sua maioria são homens, adultos, que procuram a relação sexual como forma de satisfação particular.

Pela forma de poder, crianças e adolescentes são coagidos, violentados e explorados. As formas de abuso vão desde intimidação física e psicológica, manipulação a até chantagens e ameaças.

A cultura machista e homofóbica contribui para o abuso sexual e o estupro. Os números mostram que 80% das crianças são vítimas do sexo feminino.

Subnotificação

Estima-se que existam aproximadamente 500 mil crianças e adolescentes vítimas da exploração sexual no Brasil. Porém, apenas 7 em cada 100 casos são denunciados. Esses dados ilustram outra triste realidade: a da subnotificação. De acordo com Leila Sarubbi do CMDCA, informações recentes apontam que para cada caso denunciado existem cinco casos não notificados. Ela indica que “existe um preconceito e um certo receio em relação a denúncia de casos de violência sexual”.

Em sua maioria, as vítimas estão em situação de vulnerabilidade e risco social, porém também acontece em outros contextos. “Em certos âmbitos a vergonha e status velam as violências e são silenciadas entre quatro paredes”.

Muitas situações ocorrem no âmbito familiar e muitos casos não chegam a ser denunciados por vários motivos: desconhecimento de como ajudar, medo de se expor, não saber identificar uma situação como violenta ou muitas vezes atribuir normalidade a comportamentos suspeitos. Por isso, é preciso urgentemente acabar com o paradigma existente em relação à naturalização da violência. Reforçada por comportamentos que silenciam e tornam naturais práticas desumanas e as reproduzem, a convivência rotineira com situações de violência gera complacência social.

 

A família muitas vezes não acredita na vítima.

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Constituição da República Federativa do Brasil – Art. 227.

De acordo com a cartilha da Visão Mundial, organização não-governamental que atua na prevenção de casos, o combate exige atenção aos sinais de violência e busca por informações sobre onde fazer denúncias e quais os serviços disponíveis. Entre as dicas para fazer enfrentamento a violências, avaliar normas cotidianas que protejam as crianças e adolescentes, orientá-las e contribuir na geração de consciência social, compartilhando informações com vizinhos, amigos e famílias.

A prevenção é um caminho para reduzir as tristes estatísticas e mais do que tudo, cuidar do futuro dessas crianças e jovens. “A escola tem um papel importante. Com uma boa didática, adequada a cada idade, é possível falar sobre questões de sexualidade com todos, incluindo crianças, pois assim é que cada uma será capaz de perceber e evitar situações de violência sexual”, diz Airton, Conselheiro Tutelar em Campinas/SP

Além da educação sexual nas escolas e quebra de tabus dentro das famílias ao abordar a temática, o desenvolvimento de políticas públicas é crucial, apontam especialistas. O que leva um responsável a explorar o próprio filho para ter dinheiro? A falta de uma política pública de trabalho e renda. Tudo esbarra nas políticas públicas. Quando se tem crianças fora da escola, elas estão vulneráveis e correndo risco de abuso sexual. Quando não temos centros de saúde suficientes, temos pessoas que não estão sendo orientadas de forma adequada com relação a essas violações. Família desempregada, falta de moradia, entre outros fatores… Se essas crianças e famílias não têm acesso aos serviços básicos, eles estão expostos a situações de risco, como a violência sexual.

DISQUE 100

https://www.youtube.com/watch?v=I-ex3foGjvY%20

Violação de direitos humanos e denúncia

O principal canal para denúncias é o Disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) que as examina e encaminha aos serviços de atendimento, proteção e responsabilização do Sistema de Garantia de Direitos da Infância e Adolescência (SGDCA). As situações são normalmente endereçadas a Conselhos Tutelares, Ministério Público e órgãos da segurança pública – Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. Os dados gerados com base nos registros feitos revelam o panorama dos casos de abuso e exploração contra crianças e adolescentes e ajudam a orientar ações de combate e prevenção.

DENUNCIE!

O programa Enfrentamento a Violências é uma iniciativa da Fundação FEAC que mostra os impactos das violências e procura desenvolver soluções para o bem-estar e a cultura do respeito, da empatia, da tolerância e da paz.

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