Esporte é coisa de menina, sim!

O Esporte Feminino em Veranópolis

A Associação Atlética Veranópolis (AAV), desde 2003, oferece a prática de esportes gratuito para muitas crianças e adolescentes. Porém, o espaço para as meninas iniciou em 2005, quando foi incorporado o voleibol; já as turmas de futsal feminino foram abertas em 2007. No ano de 2012, a ginástica rítmica começou a ser oferecida para meninas. 

O Coordenador da AAV, Flávio Barcellos, destaca que dentre às tantas atletas que passaram pela associação algumas se destacam. No vôlei, as alunas Gabriela Nadal e Heloísa Zanetti chegaram a morar em Lajeado para praticar o esporte em uma escola de lá, mas acabaram desistindo de tornarem-se atletas profissionais. 

Entretanto, duas jovens persistem na prática de esportes e almejam um futuro profissional nesta área: Luna Armelin Tedesco tem 16 anos e é destaque por todo o estado na pratica de vôlei, tanto de quadra, tanto de areia; e Eduarda Ferreira, hoje, treina futebol na Escolinha da Duda do Inter, em Porto Alegre. Ela se mudou para a capital com seu pai para ir em busca de seus objetivos. 

Luna conquistou muitos trofeus
Duda: do futsal da AAV para a
Escolinha da Duda do Inter

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Duas jovens, dois esportes, duas inspirações

O que chama a atenção na história destas duas jovens é o que, ou melhor, quem às inspirou na prática de esportes: os pais. Luna e Eduarda começaram a praticar vôlei e futsal, respectivamente, na infância, esta inspirando-se no pai, Amarildo Ferreira, e aquela, na mãe, Adriana Armelin Tedesco. Ambos são os fiéis treinadores, amigos e torcedores de suas filhas, acompanhando-as em todo e qualquer lugar e, principalmente, motivando-as a ir em busca de seus sonhos.

Sempre ao lado, em todos
 os momentos e conquistas.
Treinador e torcedor nº 1 desde os primeiros chutes.

 

 

 

 

Luna e o vôlei

 

Antes de começar a praticar nas escolinhas de vôlei, Luna conta que jogava em casa, com sua mãe, e acompanhava os jogos dela. E a partir de 2009 começou a jogar na AAV. Durante os anos que disputou campeonatos com a Associação, a jovem atleta tornou-se reconhecida por vários clubes da região. “Minha maior inspiração sempre foi minha mãe, que desde pequena me incentivou na prática deste esporte e sempre me apoiou, me acompanhou em todas as competições, me dando dicas de como posso ser melhor a cada dia e enfrentar os obstáculos que aparecem para que possa me tornar uma atleta e jogadora mais qualificada. Sempre trocamos ideias e sugestões, buscando uma precisão na minha atuação. Agradeço a ela todos os dias”, afirma. 

Seguindo os passos da mãe, que joga no Recreio da Juventude, de Caxias do Sul, Luna iniciou neste clube, onde continua até hoje recebendo inúmeros títulos e conquistas.  Dentre eles: 1º lugar no Mercosul; 2º lugar no Festival de Estrela; 1º lugar no Brasileiro de Seleções; 5º lugar na Taça Paraná; 1º lugar no Estadual; participação do Voleibol de Praia pela Seleção Gaúcha; premiações em torneios adulto de Voleibol de Praia; além de prêmios destaque (melhor jogadora, melhor defensora e atleta destaque). 

Apesar de inúmeros momentos felizes proporcionados pelo esporte, Luna afirma que existem muitas dificuldades: “para ser uma atleta amadora, é preciso se dedicar, gostar e ter alguém que banque os gastos com treinamentos, viagens e alimentação. No meu caso, tenho a minha família, que não mede esforços para que eu possa jogar voleibol”, coloca. 

Além disso, como a atleta é estudante e está no 3º ano do ensino médio, precisa conciliar os estudos com os treinos, viagens e competições. Sua rotina requer muita dedicação e responsabilidade.No Recreio da Juventude, atual clube da atleta, há partidas todos os finais de semana: “preciso dividir o pouco tempo que tenho com academias, treinos durante semana, com a escola e a minha vida pessoal. Por isso, além de gostar de jogar voleibol é necessário AMAR o voleibol, pois a maratona que precisa ser feita não é para qualquer um”, destaca, ela. 

Mesmo que existam dificuldades e obstáculos, Luna garante que pretende seguir sua carreira no voleibol. Analisando os dias de hoje, ela coloca: “estamos passando por um momento difícil em relação ao esporte amador, em questão de patrocínios e incentivo para sua realização”. Mas fazer o que ama é o que a motiva: “é o vôlei que me deixa feliz e é isso que pretendo ter como profissão. não só porque me ajuda a crescer como pessoa, mas também com encarar responsabilidades, compromissos e orgulho de sempre fazer o melhor”, destaca. 
Acerca do esporte feminino, ela afirma que, hoje, as mulheres estão sendo mais reconhecidas e a busca do espaço feminino vem aumentando a cada dia. “As mulheres estão se dedicando mais à própria qualidade de vida e fazendo o que gostam. Com relação ao voleibol, a categoria feminina vem aumentado e buscando seu espaço. Porém, percebe-se que ainda precisamos evoluir a respeito”, conclui. 

Eduarda e o futebol 

 

A caminhada de Duda pelo esporte começou há 10 anos quando, com cinco anos, começou a treinar com seu pai. Durante a infância, ela participou do projeto da AAV, treinando apenas com meninos por um tempo. E depois disputou campeonatos femininos com o projeto. Além disso, com 11 anos, ela entrou para a equipe feminina da EMEF Senador Alberto Pasqualini, onde jogou até os 14 anos. 

Segundo ela, na escola, a participação feminina no esporte sempre foi muito incentivada, e graças a isso foram muitas comemorações: “vivenciei momentos incríveis entre vitórias e derrotas, vi a nossa evolução dia após dia”, afirma. Ao analisar as conquistas, ela percebe que a maior delas foi não ter desistido em meio às dificuldades, seguindo com muito foco, sem desviar dos objetivos. 

Desde o ano passado, ela treina na Escolinha da Duda do Inter, que é um trampolim para a base do Internacional. Por isso, ela busca destacar-se na equipe com muito treino e dedicação. Apesar de ser muito jovem, sua determinação é admirável: “quando se é nova em algum grupo é preciso demonstrar trabalho para poder ser aceita. Quando treinava com os meninos, precisei ser melhor que eles em alguns fundamentos para poder conquistar meu espaço”.

Hoje, ela precisa arcar com os custos dos treinos e ainda não recebe nada por isso. Nas terça e quintas-feiras ela treina, na segunda e quarta realiza treinos funcionais que são uma preparação a mais. Duda sempre jogou futsal e ainda continua competindo esta modalidade, e esse ano começou no Society, mas o que mais gosta é futebol de campo.  

Então, atualmente, a sua rotina é bem agitada: de manhã ela vai para a escola, à tarde ela treina de segunda à quinta, e nos sábados têm os jogos. Ela relata que foi uma mudança bastante complicada, viver em um lugar novo, conviver com pessoas diferentes e em uma nova escola. Ela treina na atual escolinha desde o ano passado, mas mudou-se para a capital neste ano, com seu pai. Sua mãe e irmãs continuam em Veranópolis por questões profissionais. 

O apoio da família é o diferencial na vida da jovem atleta, que sempre teve ao seu lado o seu maior fã, seu pai. “Sem dúvidas, minha maior inspiração é meu pai; desde criança me incentivou, me mostrando que com dedicação e esforço eu poderia ver meu sonho se tornando realidade. E grande parte daqueles sonhos que antes pareciam tão distantes hoje estou realizando”, com orgulho destaca. 

Sobre o espaço da mulher no futebol, Duda coloca: “a mulher vem conquistando seu espaço a cada dia. Após a Copa do Mundo de 2014, com a exigência da FIFA, os times estão sendo obrigados a ter categorias femininas de base. Por isso, com as melhorias que o futebol feminino vem apresentando, as meninas que estiverem preparadas terão oportunidades”. 

O seu objetivo é seguir no futebol, almejando uma carreira profissional na área, como ela diz: “se até aqui não desisti, não é agora que vou parar, tenho muito a trabalhar”. A respeito do cenário do futebol feminino, o profissional de educação física Flávio Barcellos acrescenta: “Apesar dos avanços, ainda temos um grande preconceito na questão do futebol feminino, principalmente pelas famílias. Talvez tenhamos um atraso a nível mundial em equipes femininas, porque as meninas que se destacam são aquelas que se sujeitam a treinar com meninos na infância. Não conseguimos ter meninas abaixo de treze anos para formar times, são uma ou duas, que os pais trazem para treinar com os meninos. Daí, com 13 anos, quando começam a decidir as suas primeiras ações, elas acabam optando pelo futsal, porém, diferente dos meninos, elas perderam muito tempo no desenvolvimento físico. Mas acredito que o futebol e o futsal estão crescendo muito, basta vermos a repercussão que o esporte feminino tem hoje em dia”.
 

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