Re.Configurar

“Pane no sistema alguém me desconfigurou”, já dizia a música…
Quando nascemos automaticamente somos inseridos em um sistema. Sistema esse que muitas vezes, nos dá papeis que não estamos preparados para receber. Esses papeis estão vinculados a nossas curas, nossa missão na vida. O fato é que algumas famílias acabam alterando os seus papeis. Exemplo: O pai passa responsabilidade para o irmão mais velho, o irmão mais velho se torna o “pai”. O irmão mais novo começa a conflitar em casa, pois ele tem dois pais e acaba ficando perdido. Outro exemplo: em uma empresa o chefe determina que o funcionário faça metade de seu serviço, gerando uma sobrecarga e uma insatisfação salarial: “trabalho muito e ganho menos”. 
Esse são alguns exemplos simples, para que possamos nos aprofundar no assunto com algum embasamento. 
Dê fato, no sistema que somos inseridos, aflora nossas tendências. E a todo o momento, a cada circunstância que vivemos, entramos em sistemas diferentes. Quantos papeis exercemos em um dia?
Essa técnica nós permite ampliar o olhar, entender a situação e qual foi o papel desempenhado por cada indivíduo? Permite você compreender o outro sem suposições e julgamentos infundados, observar os fatos e a situação de forma clara. 
 A técnica foi desenvolvida  pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger e ela consiste em estudar as emoções e energias que, consciente e inconscientemente, acumulamos e em como elas podem afetar nossas atitudes, pensamento, ações… 
A partir do momento que temos a oportunidade de entender melhor os motivos que nos levam a agir de determinada forma e não de outra, bem como de compreender porque algumas situações acontecem e se repetem com frequência em nossa existência. Assim, conseguimos levar uma vida com muito mais significado e leveza.
Quando passamos por constelação sistêmica temos a oportunidade de nos conhecer melhor, de entender nossos sentimentos, as emoções que regem nossas ações e comportamentos, que nos a ajudam a compreender o que precisamos potencializar em nossa personalidade e o que precisamos modificar. Os benefícios que a técnica proporciona são tão poderosos, que a sua aplicação já está sendo realizada em ambientes e situações variadas, como em mediações de conflitos no Poder Judiciário, em escolas e também no Sistema Único de Saúde – SUS, adotada como uma de suas práticas integrativas.
Convidei o Juiz de Direto, Enzo Carlo Di Gesu, para falar mais sobre a prática no poder judiciário:
“Os conflitos fazem parte de nosso cotidiano. Dentro do Sistema de Justiça, os conflitos estão presentes em quase que 99% dos processos, os quais, como todos sabem, crescem em ritmo acelerado, até mesmo em razão da “cultura da litigiosidade” que nos é ensinada ao longo de anos. Diante deste cenário, acredita-se que as leis e as decisões judiciais, isoladamente, não são mais capazes de solucionar os conflitos efetivamente. Há casos, inclusive, em que uma sentença, embora ponha fim ao processo judicial, mais colabora para o aumento das disputas do que propriamente para a pacificação social e familiar. Assim, além do conhecimento técnico-jurídico, é preciso voltar o olhar para as relações humanas, pois a realidade é muito mais complexa que o simples pedido contido na inicial. É nesse contexto que as práticas sistêmicas adentram no Sistema de Justiça, ganhando cada vez mais adeptos dentre os profissionais que atuam na área (advogados, juízes, defensores públicos, promotores de justiça, servidores etc). São práticas que, desde 2012, quando o Juiz de Direito Sami Storch introduziu os ensinamentos do psicoterapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger no Judiciário, vêm transformando a forma como se administram as disputas judiciais, na medida em que proporcionam às partes uma visão ampliada de suas questões, um novo olhar (mais consciente e empático) sobre seus empasses. Dentre as práticas sistêmicas, estão as Constelações Familiares, reconhecidas pelo Conselho Nacional de Justiça como importante ferramenta de resolução alternativa/adequada de conflitos. Os resultados da aplicação do método terapêutico dentro do Judiciário (que nada tem a ver com religião ou astrologia) têm sido muito satisfatórios, com altos índices de conciliações após a realização das vivências. Presentes em quase todos os estados da Federação, as Constelações, no Judiciário, não se resumem aos conflitos familiares: são aplicadas em casas prisionais (com visível redução de índices de reincidência), em questões consumeristas, de infância e juventude, dentre outras. Pra quem ficou interessado pelo assunto, vale a pena informar-se sobre, afinal, por detrás de cada processo, há sempre um ser humano, com todo o seu sistema, sua história, suas dores,sentimentos e dilemas.” Enzo Carlo Di Gesu.
Agradeço a disponibilidade do Juiz Enzo, em contribuir para o enriquecimento deste assunto.

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