Quanto vale uma pequena corrupção??

600,00 reais, talvez!!
Muito pra quem não tem quase nada. Pouco pra quem tem muito. Definidor para quem tem caráter. 
Esse foi o valor: 600,00 reais que o governo federal, desse não tão mais jovem país chamado Brasil, pagou aos seus cidadãos com necessidades econômicas, ainda mais gritantes, neste momento pandêmico pelo qual passamos. A exorbitante quantia de seiscentos reais, em três parcelas, para que brasileiros pudessem, com sorte, ao menos não passar forme. Fato é que no país da corrupção e do “tudo pode”, muitos alguns continuam passando fome, enquanto, alguns muitos continuam enchendo seus bolsos indevidamente. Afinal, estamos todos no mesmo barco, não é mesmo?!
Não! Definitivamente, não estamos no mesmo barco. Quem nunca passou fome, certamente, nunca saberá o que significa, de fato, conseguir receber míseros seiscentos reais. Para quem essa quantia servirá para comprar um tênis novo, umas cervejas, talvez uma bolsa ou um book atualizado (entre os tantos absurdos que ouvi) ou para manter seus pequenos luxos desnecessários, nunca saberá o que é passar necessidades. E não precisa saber, desde que exercesse a empatia e a ética, ao invés da imoralidade.
Existe uma linha muito tênue entre o que é legal e o que é moral. Algo pode ser legal perante a Lei e me possibilitar ter acesso, porém não é moral, nem ético. E o que separa essa linha e possibilita criar um abismo entre ambas as definições, se chama caráter. E este, eu tenho ou eu não tenho. Termo, comumente, usado para descrever os traços morais da personalidade de uma pessoa, tem se mostrado intensamente e claramente em tempos de pandemia. Com o caos e a desordem que passamos as pessoas tem se revelado, sejam para ações humanitárias quanto para desumanidades, egoísmos e mau-caratismo. 
Sim! Para mim não existe outro nome do que mau-caratismo para levar alguém que tem condições financeiras, que tem trabalho, que tem recurso, verba, sustentação familiar…a requisitar um auxilio emergencial de 600,00 que não é para ele! E o mais impressionante (não, nem é mais impressionante diante de tudo o que temos vivenciado) é que esse tipo de pessoa, na sua grande maioria, “enche a boca” para defender a moral e os bons costumes do cidadão e da família brasileira. Isso também tem nome: Hipocrisia!
Vamos! Vamos apontar o dedo para o negro, favelado, marginal, ladrão… 
É sempre mais fácil, não é mesmo?!
“Mas espera aí, calma!” Você me dirá. “Eu pago meus impostos, tenho direito.”
E eu lhe direi: “Ainda que estejamos vivendo em um país sem a menor noção de responsabilidade governamental, ainda que o sistema e pagamento de auxílios fosse falho, sem uma base eficiente de cruzamento de dados (apesar de critérios claros para cadastramento), ainda assim, e por isso mesmo, você tinha a obrigação de agir com honestidade e humanidade, defendendo em última instância, a sua imagem de cidadão exemplar estampada nos quatros cantos da sua pequena (ou grande) cidade.
Um país, uma comunidade, se constrói a partir dos seus sujeitos. Configura-se como reflexo de seus agentes. Por isso, talvez, que algumas verdades incomodem tanto. 

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