Paixão Pentacolor: De jogador a treinador, uma trajetória que teve o VEC como base
Vosmir Fabian, o ’Sananduva’, é hoje quem comanda o Veranópolis Esporte Clube, time onde teve sua primeira experiencia profissional como jogador e, também, como auxiliar técnico.
A relação do atual treinador do Veranópolis com o futebol iniciou muito cedo. Os seus primeiros passos foram desenvolvidos nas escolinhas de futsal em sua cidade natal, Sananduva, nas quais permaneceu até por volta dos 13 anos, participando de competições pelo Aliança Guarani Sananduvense (AGS). Em sua adolescência, o fagundense Alberto Bassani, amigo de sua família, o levou a Fagundes Varela disputar um torneio de futebol de campo que se chamava Gauchão Esperança. Nesse período, conciliava as duas modalidades: futsal aos sábados e futebol de campo nos domingos.
Sananduva conta que gostava muito mais de jogar futebol de campo do que futsal, porém, em sua cidade só havia futsal. Mas graças ao amigo da família, ele pode iniciar sua trajetória na modalidade que tanto gostava. “Comecei jogar campo naquele ano e fomos campeões do interior em Fagundes Varela”, recorda o treinador.
Os seus passos conti-nuaram, ele passou em tes-te no Juventude e jogou cerca de quatro meses no time, porém, retornou para sua cidade natal devido a saudades, segundo ele, “coisas de adolescente”. Essa tinha sido a sua pri-meira experiência fora de casa.
A trajetória de Sananduva no VEC iniciou na equipe de juniores e foi com 16 anos que ele teve sua primeira experiência profissional no clube, disputando a Copa Federação, no segundo se-mestre. Ele conta que no começo o técnico era Dirceu Paulo Salla, que atualmente é o diretor de futebol do VEC; e depois veio o Tite, como treinador. O primeiro Campeonato Gaúcho dispu-tado por Sananduva foi em 1997, ano em que fez parte do grupo principal e tornou-se a revelação do Gauchão.
A partir daí, o atleta fez parte do Internacional de Porto Alegre e teve uma convocação para a Seleção Brasileira. Porém, ele teve problemas de lesões, uma cirurgia no tornozelo, além de questões particulares como a perda de dois irmãos, que foi um impacto muito grande para toda a família.
Retornou ao Veranópolis, em 1999 e depois foi para o Porto de Portugal, onde jogou por dois anos. Passou também por clubes como o Messiniakos na Grécia, no futebol do Kuwait e também da Itália. Ainda, rodou por diversos clubes do interior como o Esportivo e o Inter de Santa Maria. “Minha trajetória engrenou e tive um tempo muito bom de minha carreira. Porém, sofri bastante com as lesões, passei muita dificuldade, tenho seis cirurgias. Tive momentos bons e ruins, isso faz parte da vida de um atleta. Uma trajetória de bastante luta e perseverança, encontrei bastante desafios na minha vida, consegui superar algu-ns, outros não, mas a gente segue nessa caminhada”, afirma.
Começou a namorar em 1997, e casou-se em 2000, sua esposa Renata sempre o acompanhou, dessa união nasceu Nicole, filha única do casal.
Ao repensar todos os passos dessa bela trajetória como jogador, ele agradece seu antigo treinador, Leomar Foscarini, atual prefeito de Sananduva, que lhe ensinou a ter disciplina. Bem como Alberto Bassani, a família Picolloto em Sananduva, seus pais e irmãos, que sempre estiveram lhe apoiando.
De jogador a treinador
O sonho de ser treinador foi desenvolvido por Sananduva no final de sua carreira como jogador profissional. Ele deixou essa profissão aos 33 anos, devido às lesões que o impossibilitaram de possuir uma condição física ideal para continuar jogando. Sananduva afirma que sempre gostou da parte tática do jogo e nas últimas equipes por onde passou era capitão, então tinha um contato muito grande com o técnico, observava os trabalhos, anotava treinos. E desse modo a sua paixão pela profissão de técnico foi aumentando. Em 2012, quando parou de jogar, treinou clube amador de Fagundes Varela, o Botafogo, onde conquistou o vice-campeonato no Estadual Amador. Além desse clube, ele havia treinado o Planalto, em 2011, onde conquistou o Campeonato municipal de Veranópolis.
Também em 2012, seu último ano como jogador, junto com a equipe pentacolor, conquistou o título de Campeão do Interior. E em 2013 surgiu a possibilidade de tornar-se auxiliar técnico; outra vez, sua trajetória profissional era retomada no VEC. Após isso, foi ao Lajeadense para treinar o juvenil e, no ano seguinte, ser o auxiliar técnico do time profissional. Depois, no Futebol Clube Santa Cruz assumiu como técnico no período 2014-2015. Na sequência, voltou ao VEC, como treinador da categoria de base sub-20 por dois anos e, nos últimos três (2016-2018), foi auxiliar técnico do profissional.
O futebol hoje
Ao relacionar o futebol de hoje com antigamente, Sananduva coloca que ”o cenário mudou muito. Atualmente, o mercado é maior, mais amplo, sendo assim, hoje, a migração de um atleta de um clube de interior para um time grande é muito mais acessível do que era no passado”.
Porém, mesmo assim, a vida de um atleta requer muita determinação. “Ser um atleta não é fácil, exige muita negação, você não tem final de semana, precisa cuidar do seu corpo, da sua parte física, postura. Eu sai muito jovem de casa, passei saudades, morávamos no alojamento na Palugana, não ganhávamos salário no começo, tínhamos nossas dificuldades. Todo atleta passa por isso, é uma transição para alcançar ob-jetivos maiores”, reflete, Sananduva.
Ele deixa um recado para os jovens atletas que sonham ser jogadores profissionais, ou trabalhar em comissões técnicas:
“Precisamos correr atrás dos sonhos. Podemos so-nhar, mas precisamos fazer com que ele se realize, buscando, trabalhando, não ultrapassando as etapas, tendo um equilíbrio. Tenho certeza que se você pagar o preço, seu sonho vai ser realizado”, coloca.
Oportunidades
Em 2018, Sananduva assumiu os trabalhos do VEC no Campeonato Gaúcho juntamente com o preparador físico Marco Aurélio Ayres (Lelo), após a saída do treinador Julinho Camargo e do preparador físico Valdemar Fernandes. Ambos, na época, saíram do VEC para assumir o Juventude.
Essa foi uma oportunidade muito gratificante para Sananduva, que afirma, que estava muito tranquilo com seu trabalho. “Eu sabia que ia chegar meu momento, ou no Veranópolis ou em outro clube de novo. Já tinha tido minha experiência como técnico no FC Santa Cruz fiquei treinando na Copa Federação, Divisão de Acesso, treinado as equipes Veranópolis Sub 20, no Lajeadense”, destaca.
No momento que o Julinho foi para o Juventude, existia a possibilidade de Sananduva ir junto. Porém, não aconteceu, porque o Juventude tinha feito uma contratação de um outro profissional, e assim, o Waldemar que era o preparador físico, assumiu o papel de auxiliar técnico.
Após essas decisões, a direção propôs a Sananduva assumir o cargo de treinador. Por se sentir preparado, ele assumiu os trabalhos, conduzindo o VEC até as quartas de final.
“Tem coisas que acontecem nas nossas vidas que são naturais. Eu sempre fui bem consciente quanto a isso, conheço a minha capacidade, me conheço e sei até onde posso chegar. Logo após o final do Gauchão para o VEC, fomos para São Gabriel enfrentar um desafio muito grande, de seis jogos a equipe tinha três pontos, e quase classificamos no final do campeonato. São desafios na vida da gente, temos que estar preparados, pois as oportunidades chegam”, realizado, afirma.
Elenco do VEC 2019
Neste ano, o elenco do Veranópolis Esporte Clube apresenta características distintas dos últimos campeonatos. Os requisitos, vistos pelo clube como necessários no futebol sempre são levados em conta, tais como: velocidade, habilidade, parte tática e técnica, jogadores que fazem várias funções.
A particularidade da equipe 2019 é a experiência, porque, nos outros anos, de acordo com Sananduva, existiam alguns jogadores bem jovens na equipe, da base. Porém, neste ano, optaram em não ter; assim, o VEC conta com um grupo mais experiente. “Hoje, eu vejo nossa equipe mais madura e com a possibilidade de os atletas disputarem posições. Acredito que estamos mais reforçados, sim, mas depende do desenvolvimento do trabalho. Creio que faremos um grande campeonato, mas temos consciência de que ele é difícil, tem muitos fatores que o envolvem, por isso, precisamos ajustar tudo que for necessário para garantir uma boa atuação”, conclui.