Rotina: Salvação ou tédio?

Quando falamos sobre rotina, pensamos muitas vezes em nos aprisionar em uma sequência diária de afazeres que se tornaram automáticos e desgastantes. 

Pois bem! Me pergunto: ‘será que essa rotina que antes era tão desgastante hoje não nos salvou de enlouquecermos?’. Não que não tenhamos enlouquecido com tantas informações e bombardeios de sentimentos e perguntas sobre o amanhã!

sur·to (latim: surctus)

Manifestação súbita de alguma coisa. = acometimento, arranco, impulso…

 Crise psicótica.

Essas são algumas definições encontradas em qualquer dicionário. Quando uma pessoa está “surtada”, normalmente damos algum tranquilizante, chás, florais, meditações e em casos mais agressivos levamos ao psiquiatra. Seria a rotina esse tranquilizante para o momento que estamos tendo? Ao meu ver, sim! Explico:

Nosso cérebro, em termos de evolução, está preparado para agir e reagir à novidade que vem do mundo exterior. Novidades estimulam nossa mente e trazem a possibilidade de novas conexões neuronais, as chamadas sinapses. Em meio aos bombardeios de informações, nosso cérebro está sendo muito estimulado, e como ele é um órgão que absorve tudo, muitas vezes esses estímulos acabam gerando uma reação negativa, pois acabam aflorando alguma emoção. Ansiedade, por exemplo.

 Isso faz com que seu corpo libere mais cortisol e esse em grande escala acaba auxiliando no estado de estresse e irritabilidade. Quando mantemos nossa rotina, damos um “calmante”, pois não irá surgir nenhuma informação nova que possa gerar algum desconforto e sucessivamente causar alguma situação de surto. A rotina está sendo uma boa aliada para mantermos nosso equilíbrio racional. Muitas vezes em meu consultório estimulo as pessoas a largarem o controle e entrarem no fluxo, neste caso, acredito que manter uma rotina saudável, é ter controle de algo em sua vida, em meio as incertezas que estamos passando. O ser humano pelo seu instinto e influência socioculturais, precisa se sentir no controle, na gestão da sua vida. Isso faz com que ele se sinta ativo e satisfeito, a aflição da espaço aos planos de um futuro, de um amanhã. Reacende a esperança de que não estamos a mercê. Construímos um “alicerce neural” de sustentação emocional. Lembrando, controle sobre a própria vida sempre foi algo positivo, mas controle sobre outras pessoas é uma fuga. Monte um cronograma diário, de afazeres seguros, que lhe deem prazer e no meio disso tudo, aproveite e coloque algo que você não goste muito, lidar com as frustrações também faz parte de uma rotina saudável.

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