PENSAR: Um Ato Revolucionário!

Não há nada mais perigoso para o Sistema do que o pensar. 
Uma sociedade que produz conhecimento e dele se alimenta usará, com mais clareza e certeza, das defesas e proposições necessárias a não dominação, esta tentativa de subjugação do ser que remota a um complexo processo histórico, social, político, psicológico e emocional. 
  Quando no período Pré-Socrático o Homem não possuía domínio sob sua vida, estando subjugado ao Oráculo e seus deuses, a moira – seu destino dentro da Mitologia Grega – não poderia ser alterada e nenhum gesto seria suficiente para mudar seus desígnios. A partir do momento que este mesmo Homem resolve dominar a vida e ser responsável por sua moira, estabelecendo um conceito de verdade, o caos (physis) surge e, talvez, a maior das dicotomias: verdade x mentira.
Toda a ideia de verdade pressupõe uma mentira. Se há uma verdade de um lado, em contraponto, existe uma mentira, algo que não vai ao encontro do que é dito ou visto como ‘verdade’. Logo, podemos dizer que o conceito de verdade é relativo, limitador e excludente. O que eu acredito ser o melhor, verdadeiro e único caminho… Pode não ser para o outro. E essa diferença se torna ainda mais evidente ao falarmos de outras culturas, povos, identidades…
Para se ter uma territorialização, sejam de ideias ou espaços, é preciso que aja uma aceitação. Para tanto, ‘verdades’ são construídas e impostas afim de tolher qualquer produção de pensamento contrário. A negação do que é diferente, diverso, em meio a pluralidade e complexidade da vida humana, é a afirmação de um modelo colonial que não encontra outro intuito a não ser o assentimento e padronização, como em um rebanho. 
     Em contrapartida, manifestações que questionem essa lógica, tornam-se subversivas. Sociedades construídas a partir de uma perspectiva eurocentrista, e mais tarde também americanizada, revelam na sua estrutura os grilhões colonialistas e limitadores de seu desenvolvimento social e cultural. A manutenção do Sistema se constitui na anulação do indivíduo e a tudo que lhe impulsione à reflexão e questionamento da ordem vigente. Vivemos em sociedades verticalmente disciplinadas, que acreditam em meritocracias e teorias evolucionistas, eugenistas, terraplanistas… onde a busca por novas percepções de mundo, a partir do reconhecimento de identidades culturais e multiplicidade, pode acarretar em um grande risco às mãos controladoras do obscurantismo.   
Pensar, não pode ser somente perigoso. Pode, e deve ser, libertador. 

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